Resumo

O presente trabalho analisou em que medida o corpo, a corporeidade-corporalidade humana são tratados nos fundamentos da constituição do ser social presentes na obra marxiana e especialmente na obra madura de György Lukács (1885-1971) intitulada Para uma ontologia do ser social ([1976] 2012, 2013) e em Prolegômenos para uma ontologia do ser social ([1984] 2010). Este filósofo marxista húngaro também desenvolveu um método ontológico-genético de investigação e apontou que na teoria social elaborada por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) encontra-se uma verdadeira ontologia do ser humano-social que explica corretamente a gênese e a constituição humana diretamente inseridas no processo sócio metabólico entre o ente que aparecera na natureza e nela instituiu uma forma de agir fundamental e intencional responsável pela sua auto formação, qual seja, o ato do trabalho. E tendo a questão do corpo como ponto de partida da presente investigação, buscou-se localizar o desenvolvimento da corporeidade-corporalidade humana surgidos também nos complexos categoriais formativos do ser social. Portanto, este trabalho toma como principal pressuposto para se aportar, que o ser social e os corpos dos seres singulares pertencentes à generidade humana – que também é expressão de uma corporificação – são, incontestavelmente, reais, concretos, que, no entanto, possuem muito mais camadas para além daquilo que aparencialmente apresentam. Contudo, a intenção deste trabalho, não necessariamente significa a constituição e realização de uma ontologia do e sobre o corpo, corporeidade- corporalidade, haja visto que isso significaria ascender à categoria central, uma singularidade (a materialidade corpórea) apartada de outras dimensões reais que faz esta mesma singularidade tornar-se conceito vinculada à Vida e advindo de uma consciência que não se forma sozinha, mas que se constituiu no constante processo sócio metabólico do ente humano com a natureza. O corpo tornado conceito na consciência que se forma na relação entre a objetividade com a subjetividade ascendeu-se ainda na generidade humana como uma universalidade incontestável. Pelo estudo da gênese do indivíduo, da sociedade burguesa e do modo de produção capitalista, nesta particularidade sócio histórica encontra-se a forma do trabalho alienado e estranhado como responsável pela desumanização, deformação e embrutecimento humano, como já diagnosticava Marx no século XIX, mas cujas características permaneceram e desenvolveram até a contemporaneidade.

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