Resumo

Jogo, esporte, arte ou ciência? Eclético em suas possibilidades de definições e formas de manifestações, o xadrez tem se consolidado durante gerações por meio de uma popularidade crescente, a qual lhe confere o atual grado de segunda modalidade esportiva mais praticada no mundo (SANTOS, 2010). No Brasil, apenas um número seleto de enxadristas detêm a titulação máxima correspondente ao alto rendimento neste esporte, o título de Grande Mestre (GM). A trajetória percorrida até o alcance de tal título, em particular, carece de investigações em contexto brasileiro, sobretudo à luz das ciências sociais. Assim, o objetivo deste estudo consiste em investigar a trajetória esportiva de Grandes Mestres brasileiros, caracterizando o contexto sociocultural e pedagógico relativo à formação esportiva de sucesso destes jogadores. O grupo de participantes abrangeu a totalidade do universo de todos os onze enxadristas que detêm o título de Grande Mestre no país. Os dados foram coletados através de entrevistas retrospectivas, as quais abrangeram categorias propostas por Côté, Ericsson e Law (2005). As entrevistas encontram-se disponíveis em sua versão escrita e integral no site Clube de Xadrez Online, o qual é fonte reconhecida no cenário nacional como referência de informações e notícias sobre o campo social do xadrez. A Teoria Fundamentada (STRAUSS; CORBIN, 2008; CHARMAZ, 2009) foi adotada como metodologia de análise qualitativa. Como considerações finais, aponta-se a influência familiar na herança cultural socialmente herdada no sucesso da formação esportiva enxadrística dos sujeitos, a iniciação esportiva precoce (média de 6,27 ± 3,06 anos de idade) e adequada aos sentidos que a mesma deve considerar na infância, a diversidade dos conteúdos e métodos de treinamentos utilizados e, por fim, as dificuldades enfrentadas pelos profissionais do xadrez em contexto brasileiro. 

Acessar Arquivo