Resumo

O objetivo deste estudo foi investigar o desempenho das habilidades motoras fundamentais (HMF) e a prevalência de maestria¹ e maestria aproximada² (artigos 1 e 2) e os efeitos de uma intervenção motora inclusiva com contexto motivacional para a maestria³ no desempenho motor das HMF e no engajamento (artigo 3). Com esse fim dois estudos foram conduzidos que resultaram em 3 artigos. A amostra do primeiro estudo foi de 1248 crianças de três a 11 anos (artigos 1 e 2) e e do segundo 69 crianças com atrasos motores (artigo 3). Para as avaliações, foram utilizados o TGMD-2 (ULRICH, 2000) e os descritores de respostas de Rink (1996). Os resultados apresentados no artigo 1 demonstraram que poucas crianças das 1248 apresentaram desempenho acima da média (0,6%), e na média (19,2%), as demais apresentaram resultados inferiores a média. A prevalência de maestria de habilidades motoras fundamentais em geral foi baixa, menos de 40% em todas 12 HMF avaliadas; bem como da maestria aproximada que apresentou menos de 30% em 11 HMF. A curva desenvolvimental apresentou um platô a partir dos sete anos de idade. As crianças do grupo de sete anos e mais jovens demonstraram um desempenho das habilidades motoras fundamentais respectivo à faixa etária. Os resultados apresentados no artigo 2, demonstraram que meninos e meninas apresentaram níveis semelhantes de maestria em apenas três habilidades motoras: galope, salto com um pé e passada (p>0,05). Em todas as outras habilidades avaliadas, os meninos apresentaram uma prevalência de maestria significativamente superior à das meninas. Além disso, os meninos demonstraram desempenhos motores significativamente superiores aos das meninas nas habilidades de locomoção e de controle de objeto (p<0,05). Os resultados da intervenção (artigo 3) demonstraram que as crianças do grupo interventivo apresentaram resultados significativamente superiores no desempenho de HMF do pré para o pós-teste (p<0,05). As crianças do grupo controle, no entanto, não apresentaram mudanças significativas do pré para o pós-teste (p>0,05). Meninos e meninas se beneficiaram da intervenção, aprimorando o desempenho de habilidades locomotoras e de controle de objeto. Crianças PNEE e crianças n-PNEE demonstraram um desempenho significativamente diferente e superior (p<0,05) ao grupo de controle nas habilidades de locomoção e de controle de objeto. Quanto ao engajamento, a intervenção proporcionou níveis de engajamento adequados a meninos e a meninas e também a crianças PNEE e n-PNEE. Não foram encontradas correlações significativas na avaliação do engajamento e do desempenho motor.O comportamento engajado motoramente de forma apropriada apresentou uma correlação fraca (r=0,13), e o comportamento engajado motoramente de forma inapropriada apresentou uma correlação negativa e fraca (r=-0,20). O comportamento não engajado motoramente de forma apropriada apresentou uma correlação negativa moderada (r=-0,33), e o comportamento não engajado de forma inapropriada apresentou uma correlação negativa fraca (r=-0,15) com o desempenho motor. Conclui-se que as crianças em geral não estão apresentando um desempenho adequado das habilidades motoras fundamentais, que as meninas estão apresentando um desempenho inferior ao dos meninos e, ainda, que as intervenções motoras com contexto motivacional para a maestria apresentam resultados importantes na redução dos atrasos para crianças com dificuldades motoras.

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