Resumo

Indivíduos com surdez neurossensorial podem apresentar problemas motores relacionados com danos na função vestibular que afetam diretamente o controle do equilíbrio. Esses problemas podem se refletir em alterações no controle de tarefas locomotoras e na realização de outras habilidades. A experiência em tarefas que exijam controle postural pode melhorar o estado do equilíbrio, diminuindo os efeitos do dano vestibular. Baseado nessa informação, realizamos este estudo cujo objetivo foi investigar a influência de um treinamento de trampolim acrobático sobre o equilíbrio, a locomoção e o desempenho em três saltos de trampolim acrobático por crianças surdas de diferentes faixas etárias. Participaram deste estudo dez crianças surdas, da ambos os sexos, com idades entre 6 e 8 anos (Grupo 1) e 10 e 13 anos (Grupo 2). Para a avaliação do equilíbrio estático utilizamos a prova I dos testes de Ozeretsky-Guillmain. Os dados quantitativos da locomoção foram obtidos através da filmagem em plano sagital dos participantes andando em três diferentes superfícies: piso duro, elástico e trave. As avaliações do equilíbrio e da locomoção foram realizadas em duas oportunidades: antes do início do treinamento (teste) e ao término do mesmo (reteste). Para a análise do desempenho foram organizadas três listas de checagem relativas aos saltos realizados sobre o trampolim acrobático. Essas listas foram preenchidas em quatro oportunidades, nos possibilitando verificar como os grupos se comportaram ao longo do treinamento com relação ao desempenho nos três saltos. A análise e discussão dos resultados nos permitiu concluir que: 1) a idade foi um fator diferencial nos parâmetros relacionados à locomoção, com os participantes surdos mais velhos andando com passadas mais curtas e mais demoradas e numa cadência menor comparados com os participantes mais jovens; 2) o piso elástico foi a superfície que mais exerceu impacto sobre as variáveis da locomoção; 3) a idade foi um fator determinante em tarefas de equilíbrio estático, com os participantes mais velhos apresentando melhores desempenhos que os participantes mais jovens, antes do programa de trampolim; 4) o programa de trampolim acrobático reduziu as diferenças entre as idades no teste de equilíbrio, provocando alterações favoráveis no controle do equilíbrio para as crianças do grupo mais jovem, e influenciando de maneira menos intensa o equilíbrio do grupo mais velho; 5) o nível de desempenho habilidoso alcançado pelo G2, nos saltos grupados e afastados, melhorou ao longo do programa de três meses de prática na modalidade e ; 6) três meses de programa de treinamento não foram suficientes para possibilitar que os participantes apresentassem os desempenhos máximos na realização dos saltos

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