Resumo
É a partir do lugar epistemológico ocupado pela Psicanálise que se desenvolve este estudo, que tem por objetivo discutir os laços da relação professor-aluno, técnico-atleta, e o que pode ser dito sobre o processo pedagógico. O que está em jogo é a transferência, tema que decorre diretamente do conceito de inconsciente, que para Lacan é “estruturado como uma linguagem”, tomando-a como uma conseqüência da associação livre e que, portanto, dirige-se sempre a um Outro. É nesta relação entre um e Outro que os quatro discursos que fazem laço social (o do mestre, o do universitário, o da histérica e o do analista) ganham espaço. Em foco está o fenômeno da transferência em que se conecta o inconsciente ao saber; sendo que a própria Pedagogia do Esporte é uma relação com o saber. O sujeito (aluno ou atleta), pelo simples fato de aceitar a regra fundamental que o coloca na posição de não saber o que diz, cai na dependência de um Outro (professor ou técnico), que é suposto estar em estado de saber. E quando sustentada pela ação da fala e ao considerar aquilo que está sendo dito, a Pedagogia do Esporte, na dimensão do sujeito, passa a escutar por que o aluno quer jogar de uma maneira não e de outra, opondo-se a uma pedagogia ‘inter-ditada’ em que o professor, que tudo sabe, ‘dita’ (ensina) ao aluno que nada sabe e que ‘decora’ (aprende) com ele.