Resumo

O TRANSitando no/pelo Esporte é um projeto de extensão do curso de Educação Física da UFRGS, voltado para pessoas trans e não-binárias. O foco está na criação de um espaço seguro para práticas corporais planejadas para dissidentes de gênero, promovendo vivências no esporte de participação. Organizado por uma equipe de trabalho composta por estudantes de diferentes identidades de gênero supervisionados por uma professora atuante na área da Pedagogia do Esporte, é aberto ao público e acontece semanalmente na ESEFID (Porto Alegre). Objetivo: Os objetivos principais deste relato são: compartilhar a experiência e as percepções da equipe de trabalho atuante no projeto, evidenciar a construção de relações interpessoais através da prática esportiva e demonstrar a contribuição do projeto para formação acadêmica e profissional dos estudantes envolvidos. Resultados: Uma das ideias centrais do projeto é a flexibilidade no planejamento, proporcionando uma construção coletiva das atividades, a partir de propostas abertas à contribuição dos envolvidos. A busca por uma diversidade de práticas também visa maior engajamento do público, atendendo diferentes preferências. A equipe de trabalho também aposta no aproveitamento de diferentes espaços e estruturas esportivas dentro do campus, além de rodas de conversa (Cafés em Transe) que correspondem a momentos de partilha de experiências entre os participantes. O ambiente descontraído, o acolhimento e os laços amistosos formados são propulsores para que os participantes gradualmente construam relações individuais saudáveis com as práticas durante os encontros. Cada participante traz a sua maneira de jogar, de interagir com os materiais, com a equipe e adversários. Apesar de existirem discrepâncias de competências e de atitude durante os jogos, em momento algum elas entram em atrito. Muito pelo contrário, somam-se, contribuindo para uma aprendizagem cooperativa. O protagonismo dos participantes favorece a autonomia em relação à prática esportiva, cumprindo o objetivo do projeto de inspirá-los a encontrar um espaço para a atividade física prazerosa e confortável como hábito cotidiano. Indo além, o impacto dos encontros na esfera interpessoal dos participantes fica evidente, uma vez que quanto maior a constância e presença, mais laços afetivos são desenvolvidos, reforçando  os vínculos de pertencimento e comunidade que o esporte pode proporcionar. Quanto à contribuição para graduação, o projeto evidencia e direciona a trajetória acadêmica dos participantes da equipe de trabalho para concepção da atividade física como direito básico, reafirmando a importância da presença de profissionais da Educação Física alinhados às pautas de diversidade de gênero na elaboração e mediação de projetos de lazer que tenham como foco o Esporte para Todes, e que sejam inclusivos em todas as suas formas. Considerações finais: Compartilhar essa experiência através deste relato é reafirmar a faceta político-social da prática do profissional de Educação Física como protagonista na superação da inacessibilidade de direitos por parte de indivíduos socialmente marginalizados. Dessa forma, falar sobre o Transitando é, além de uma partilha de experiência acadêmica, revelar um trabalho pedagógico possível que considera a diversidade de gênero e aponta para a conciliação das diferenças.

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