Resumo
Esse estudo tem por objetivo investigar a qualidade de vida (QV) em crianças de seis a oito anos de idade com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC). Este estudo representa uma parte do projeto macro realizado no Laboratório LADADE/UDESC que foi intitulado “Perfil de saúde e desempenho funcional de crianças e adolescentes de Balneário Camboriú/ Santa Catarina” efetivado no ano de 2019. Trata-se de um estudo descritivo e de caráter transversal, a qual a população compreendeu 3364 estudantes regularmente matriculados nas instituições de ensino público municipal. Dentre esses alunos, após passarem por um processo de triagem, considerando os critérios do DSM-5, que baseia o diagnóstico do TDC, as análises foram feitas com uma amostra final de 50 crianças com TDC e 72 sem TDC, totalizando um N de 122. Para a avaliar QV utilizou-se a Escala de Qualidade de Vida (AUQEI) e Pediatric Quality of Life InventoryTM (Peds-QL), versão 4.0. A análise de dados foi realizada no software IBM software SPSS® for Windows versão 20.0, da qual foram empregados os recursos da estatística descritiva (média, desvio padrão, frequência relativa e absoluta) e inferencial (Qui-quadrado, com valores obtidos por exato de Ficher, Teste T para amostras independentes, Teste de U de Man-Whitney), sendo considerado o nível de significância de 5%. Os resultados da QV apontam que a distribuição da amostra por idade não houve associação, mas a análise de associação entre o sexo e TDC, confirmou que o grupo de meninos apresentam mais casos do transtorno. Por meio do instrumento AUQUEI, os participantes analisados, obtiveram QV satisfatória, ou seja 63,9% dos indivíduos apontaram um escore total maior ou igual a 49 pontos. Todavia, é possível observar que não houve associação entre QV e TDC, mesmo realizando as análises estratificadas por sexo ou idade. Já as análises de comparação entre crianças com TDC e sem TDC, tanto geral quanto por domínios, foi possível identificar que funções, no sexo feminino, apresentou diferenças. E ainda, no grupo geral por domínio e idade, o Lazer, nas crianças com 6 anos também apresentou significância (p=0,024) entre o grupo com TDC e sem. No instrumento Peds-QL 4.0, os resultados apontaram na amostra geral, que ao comparar os valores médios de Qualidade de Vida Relacionada a Saúde entre crianças com TDC e sem TDC, não houve diferença significativa entre as médias das crianças com seis e sete anos. Já no escore do grupo de crianças de oito anos houve diferença significativa no Aspecto Social (p=0,015), e no escore total (p=0,047). Entretanto, quando estratificado por sexo feminino, a Qualidade de Vida relacionada à Saúde entre crianças com TDC e sem TDC, não houve diferenças significativas em nenhum dos domínios. Já na amostra do sexo masculino, as crianças no grupo de oito anos, o escore Capacidade Física (p=0,041) apresentou-se significativo. Quando os resultados foram feitos questionamentos por questões para o grupo de crianças com oito anos, duas perguntas indicaram no escore da Capacidade Física valor do p significativo. No Brasil, este é o primeiro estudo envolvendo o TDC e a Qualidade de Vida, até o presente momento, o que se faz importante que haja estudos a fim de analisar como o transtorno reflete a Qualidade de Vida das crianças em nossa cultura. De modo geral, deve-se assegurar que as crianças tenham uma vida que lhes possa permitir seu desenvolvimento físico, mental e social adequado, possibilitando assim maior funcionalidade, autonomia e independência possíveis.