Resumo

O valor que se atribuiu ao corpo, ao longo da história do pensamento ocidental foi ligado ao ressentimento: na forma de desinteresse, de sacrifício e de submissão. A partir do momento em que as bases da existência passaram a atender ao peso da moral, seja para a justa adequação aos preceitos da pólis, seja para a ascese religiosa da tradição judaico-cristã, o corpo não teve mais o entusiasmo dionisíaco do antigo povo grego. Para Friedrich Nietzsche, a perda deste espírito dionisíaco e o peso moral da tábua de valores de nossas culturas levou o homem ao desprezo pela vida e por si mesmo. Transvalorar a cultura, substituindo, por exemplo, os valores do ressentimento e da culpa, pelos da força e da vitalidade, seria o projeto humano de maior importância. No que tange ao corpo, este texto encontra uma possível transvaloração por meio da imanência deste corpo, de sua materialidade e de sua atividade; fenômenos contrários à metafísica clássica, que desprezou o corporal. A educação, neste sentido, assumiria papel central, ao ser a força motriz desta transvaloração, por meio de ações tomadas a partir do próprio corpo como dado imanente, material e ativo. Indícios destas ações encontramos em uma educação dos sentidos, da intuição e das metamorfoses

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