Tratamento da lombalgia crônica inespecífica: Treinamento resistido com ou sem pesos?
Por Camila Teixeira de Oliveira (Autor), Michel Kanas (Autor), Marcelo Wajchenberg (Autor).
Em Revista Brasileira de Medicina do Esporte v. 27, n 6, 2021.
Resumo
A disfunção da musculatura do tronco contribui para a persistência da dor em pacientes com lombalgia crônica. As evidências demonstram ser benéfica a abordagem ativa para reabilitação desses pacientes, porém, existem incertezas sobre qual método ou modalidade mais eficaz, uma vez que a literatura existente oferece poucas orientações nesse aspecto.
Objetivo:
Analisar e comparar o impacto na qualidade de vida, função, flexibilidade, força abdominal e percentual de gordura abdominal em pacientes com lombalgia crônica inespecífica, após a realização de programa de treinamento resistido utilizando duas modalidades diferentes.
Métodos:
Trinta indivíduos, entre 18 e 65 anos, participaram do estudo; sendo que 20 realizaram um programa de treinamento físico duas vezes por semana, durante oito semanas, e dez não realizaram exercícios físicos, porém receberam orientações e medicação analgésica. Os indivíduos ativos fisicamente foram divididos em dois grupos, aleatoriamente, e receberam treinamento resistido similar focado nos mesmos grupos musculares. Dez realizaram treinamento com halteres e aparelhos de musculação (TRCP) e dez não utilizaram esses equipamentos, realizando apenas exercícios funcionais (TRSP). Todos foram avaliados antes e após a intervenção, por meio de questionários de qualidade de vida e função, além de testes de flexibilidade, força abdominal e mensuração do percentual de gordura abdominal.
Resultados:
Na comparação intragrupo (inicial x oito semanas), não houve mudança significativa na qualidade de vida de nenhum dos grupos. No entanto, quanto à função, os três grupos apresentaram melhora significativa, com o TRSP demonstrando melhor evolução. Para flexibilidade e ganho de força abdominal, o TRCP demonstrou melhor evolução em ambos os instrumentos. Para diminuição do percentual de gordura abdominal, somente o TRCP apresentou diferenças significativas. Na comparação intergrupos, não houve diferença estatisticamente significativa para nenhum dos desfechos avaliados.
Conclusão:
Os dois programas de exercícios foram eficazes para melhora da função, flexibilidade e força abdominal em pacientes com lombalgia crônica inespecífica. No entanto, não houve diferença estatisticamente significativa em nenhum dos desfechos na comparação entre os grupos. Nível de evidência II, Estudo prospectivo comparativo.