Resumo

O futebol e futsal no Brasil foram concebidos por ideais patriarcais, marginalizando as mulheres. Entretanto, apesar de todos os entraves sociais e legais impostos, elas seguem subvertendo as matrizes de inteligibilidade e lutando por espaços nas modalidades. Dessa forma, as relações de poder estão imbricadas nesses ambientes esportivos e algumas delas são vítimas de abuso e assédio por seus treinadores e/ou dirigentes. Considerando o protagonismo dos/as treinadores/as e suas experiências positivas e negativas na trajetória de atletas, este estudo objetivou tipificar as violências sofridas por elas. Essa pesquisa é de natureza qualitativa e o instrumento para a coleta de dados foi a entrevista semiestruturada. As participantes foram seis mulheres atletas de futsal de Juiz de Fora/MG. As entrevistas foram realizadas virtualmente, gravadas e posteriormente, transcritas. A análise de conteúdo temática foi escolhida como a técnica para a análise das entrevistas. Os resultados mostraram que todas as participantes sofreram ou testemunharam algum tipo de violência no esporte, como o assédio moral; violência de gênero; violência física; violência psicológica e negligência. Observou-se que há uma naturalização de situações de assédio moral experenciadas por elas e que as atletas ainda não são suficientemente letradas em violências do esporte para percebê-las e/ou combatê-las. Concluiu-se que há necessidade de prevenir e combater as situações de violência que ocorrem na modalidade; insistir no letramento das violências do esporte para atletas e treinadores/as; e, investir na formação de treinadores/as que trabalham no futsal de mulheres, abordando sobretudo as questões de gênero imbricadas na modalidade.