Resumo

A prevalência de obesidade na infância e adolescência aumentou nas últimas décadas, devido principalmente às modificações no estilo de vida. O excesso de gordura corporal pode levar a um estado inflamatório de baixo grau, caracterizado pelo aumento nos níveis séricos de substâncias pró-inflamatórias, como interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral-alfa (TNF-?), proteína C reativa (PCR) e redução de substâncias anti-inflamatórias, como adiponectina, o qual tem sido associado ao desenvolvimento de diabetes do tipo II, doenças cardiovasculares e aterosclerose. O exercício físico é um importante componente no tratamento da obesidade infanto-juvenil, visto que pode contribuir para aumento da aptidão física, redução da gordura corporal, melhora na resistência insulínica e no perfil lipídico. Entretanto, o papel do exercício físico nos parâmetros inflamatórios de crianças e adolescentes obesos tem sido pouco investigado. Objetivo: Verificar os efeitos de 12 semanas de treinamento combinado (TC), sem intervenção dietética, sobre a composição corporal, aptidão física, parâmetros metabólicos e inflamatórios em adolescentes com excesso de peso. Metodologia: Participaram do estudo 48 adolescentes, do sexo feminino, de 13 a 17 anos, que foram divididos aleatoriamente em três grupos: grupo experimental obeso (GE), grupo controle obeso (GC) e grupo eutrófico. Foram mensurados a composição corporal, a aptidão aeróbia, força muscular, glicemia, insulinemia, perfil lipídico e marcadores inflamatórios antes e após 12 semanas de intervenção com TC. O TC consistiu em treinamento de força [3 séries de 6-10 repetições máximas (6-10RMs)] seguido de treinamento aeróbio (30 min, caminhada/corrida, 50-80% VO2pico), totalizando 60 min/sessão, três vezes por semana. A ingestão alimentar foi avaliada por meio de recordatório nutricional de 24 horas e todos foram orientados a manter a dieta habitual. Resultados: Verificou-se aumento significante da força muscular nos membros inferiores (Leg press: 164,7±33,9 para 212,4±40,7, p=0,0001) e superiores (Supino reto: 30,0±4,6 para 37,4±5,6, p=0,0002) e na aptidão aeróbia (VO2pico: 30,2±3,4 para 35,2±2,4, p=0,0005) para o GE. O percentual de gordura corporal reduziu (45,2±4,78 para 43,5±4,62, p=0,0004) e a massa livre de gordura aumentou significantemente (39,9±5,05 para 41,3±4,80, p=0,0006) para o GE. Em relação à resistência e a sensibilidade à insulina, verificou-se redução significante do HOMA-IR (3,5±1,36 para 3,0±1,49, p=0,015) e aumento do QUICKI (0,32±0,02 para 0,33±0,02, p=0,0064), respectivamente para o GE. Em relação aos marcadores inflamatórios, o TC promoveu uma redução significante nas concentrações séricas de PCR (4,2±2,67 para 2,1±1,23, p=0,0027) e de leptina (50,2±17,56 para 41,9±14,55, p=0,04). Conclusão: O TC, sem restrição calórica, contribui para redução da gordura corporal, aumento da massa livre de gordura, bem como redução da resistência à insulina e dos marcadores inflamatórios em adolescente obesos.

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