Resumo
O treinamento de força (TF) vem sendo um importante fator influente promovendo benefícios como o aumento da força, produção de adipocinas anti-inflamatórias, aumento da massa muscular e diminuição da gordura corporal. Contudo, o TF com restrição de fluxo sanguíneo (RFS) surge como uma alternativa ao TF com altas cargas, pois se caracteriza pela utilização de cargas menores associado com a RFS para promover ganhos de força e hipertrofia similares ao TF convencional. Pessoas com sobrepeso corporal podem se beneficiar de treinamento já que apresentam sobrecargas mecânicas naturais, gerando diminuição do desempenho físico, e facilitando a adesão do surgimento de lesões ostioarticulares. Sendo assim, o objetivo foi analisar o efeito do treinamento de força com restrição de fluxo sanguíneo nos parâmetros metabólicos, composição corporal e desempenho neuromuscular em homens com sobrepeso. A amostra foi composta por 18 homens com idade (27,66 ± 3,61 anos), índice de massa corporal (27,42 ± 1,14), percentual de gordura (28,38 ± 3,84) e tempo de treinamento (2,77 ± 0,73 meses). Os sujeitos foram randomizados e aleatorizados para os seguintes grupos: treinamento de força de baixa carga a 30% de 1RM (TFBC), treinamento de força de baixa carga com restrição de fluxo sanguíneo a 30% de 1RM (TFBC+RFS), e treinamento de força de alta carga a 80% de 1RM (TFAC). Inicialmente realizaram a primeira visita referente à avaliação da composição corporal, análises sanguíneas e do teste de 1RM, após 48 horas foram expostos a três visitas experimentais semanal ao laboratório com wash out de 48hs entre as mesmas durante 8 semanas, logo após esse período de intervenção foram realizadas as análises similares a primeira visita. Para a análise inferencial para os desfechos principais adotamos o modelo de equações de estimativa generalizada (GEE) com função de ligação log e distribuição de gamma para observar os principais efeitos e interações. Os principais achados foram: os níveis séricos de leptina e insulina apresentaram diminuição significativa nos momentos (pré e pós) e entre os grupos TFBC+RFS e TFAC comparado com TFBC (p ≤ 0,05), já a proteína C reativa apresentou diminuição apenas no grupo TFAC na comparação entre os momentos (p ≤ 0,05). O perfil lipídico mostrou diminuição significativa nas concentrações séricas de colesterol total para o grupo TFAC (p ≤ 0,05) nos momentos, os triglicerídeos e as lipoproteínas de alta densidade e baixa densidade apresentaram alteração significativa nos grupos TFBC+RFS e TFAC nas comparações entre os momentos (p ≤ 0,05) e entre os grupos TFBC+RFS e TFAC em relação ao TFBC. Também foi observado um aumento significativo (p ≤ 0,05) na MC do grupo de EAC entre os momentos, aumento significativo (p ≤ 0,05) do IMC nos grupos TFBC+RFS e TFAC entre os momentos, diminuição significativa (p ≤ 0,05) semelhantes na MCG e %G entre os grupos TFBC+RFS e TFAC, e um amento significativo (p ≤ 0,05) da MCM em ambos os grupos, porém com maior magnitude no TFBC+RFS e TFAC. Os níveis de força muscular para os grupos TFBC+RFS e TFAC, aumentou significativamente (p ≤ 0,05) nos momentos (pré e pós) e em todos os exercícios, exceto para o leg press. Na comparação entre os grupos apresentou diferença significativa (p ≤ 0,05) para os grupos TFBC+RFS e TFAC em relação ao TFBC em todos os exercícios. Concluímos que a partir de 8 semanas de treinamento de TFBC+RFS e TFAC, já se é possível observar melhoras efetivas no metabolismo inflamatório, composição corporal e o desempenho neuromuscular quando comparado ao TFBC em condições de sobrepeso.