Resumo
A espécie Spirulina platensis tem sido relacionada à melhoria na função vascular, porém o efeito da sua associação com o treinamento de força sobre a reatividade vascular, ainda não tinha sido investigado. Assim, objetivou-se verificar os efeitos do treinamento de força e da S. platensis sobre a reatividade vascular, parâmetros bioquímicos e o estresse oxidativo, em aorta de ratos Wistar. Os animais foram divididos em oito grupos: sedentário (GS) e suplementados com S. platensis nas doses de 50 (GS50); 150 (GS150) e 500 mg/kg (GS500) e grupos treinados (GT) e suplementados com S. platensis nas doses de 50 (GT50); 150 (GT150) e 500 mg/kg (GT500). Os grupos GT realizaram treinamento de força durante 8 semanas. A análise bioquímica foi utilizada para quantificar a atividade da creatina quinase (CK) e lactato desidrogenase (LDH), níveis da proteína C reativa (PCR), de nitrito, malondialdeído (MDA) e atividade antioxidante. Para avaliar a reatividade vascular induziu-se uma curva concentração-resposta cumulativa à fenilefrina (FEN) (10-9-10-3 M) e à acetilcolina (ACh) (10-11-10-4 M). Para avaliar a participação do óxido nítrico, utilizou-se o L-NAME e em seguida, uma curva concentração-resposta cumulativa à FEN (10-11-10-3 M) era induzida. Foi demonstrado assim que o treinamento reduziu em torno de 30% o tempo de execução dos saltos, sem aumentar a atividade da LDH, CK, PCR e MDA em nenhum dos grupos GT quando comparado com o seu grupo controle. Com relação aos experimentos funcionais, observou-se que para a reatividade contrátil, entre os grupos GS, apenas GS500 (pD2 = 5,6 ± 0,04 vs. 6,1 ± 0,06; 6,2 ± 0,02 e 6,2 ± 0,04), apresentou redução significativa na potência contrátil à FEN. No entanto para os grupos GT150 e GT500 reduziram a potência contrátil à FEN (pD2 = 5,0 ± 0,06 e 5,3 ± 0,05 vs. 5,6 ± 0,07 e 5,5 ± 0,05). Sendo que a dose de 500 mg/kg no grupo treinado reduziu a potência contrátil superior ao sedentário. Verificou-se ainda que a capacidade do treinamento de força e da S. platensis em reduzir a resposta contrátil foi eliminada na ausência do endotélio e a presença do L-NAME proporcionou uma maior resposta contrátil à FEN em todos os grupos, sendo essa resposta potencializada nos grupos GT e GS. Em relação à atividade relaxante nos grupos GS150 (pD2 = 7,0 ± 0,08 vs. 6,4 ± 0,06) e GS500 (pD2 = 7,3 ± 0,02 vs. 6,4 ± 0,06) a curva foi desviada para a esquerda, similarmente os grupos GT150 (pD2 = 7,6 ± 0,08 vs. 7,3 ± 0,02) e GT500 (pD2 = 8,0 ± 0,04 vs. 7,3 ± 0,02) também apresentaram o mesmo comportamento. No entanto, as suplementações nas doses de 150 e 500 mg/kg com o treinamento aumentaram ainda mais a resposta relaxante à ACh. A participação do NO foi reforçada quando se verificou aumento significativo na produção de nitrito na aorta de GT150 e GT500. A produção de MDA foi reduzida em todos os grupos em torno de 80%, enquanto o percentual de inibição da oxidação foi aumentado em torno de 50%, principalmente dos GT e GS nas doses de 150 e 500 mg/kg indicando uma potencialização na ação antioxidante entre essa associação. Assim, o presente estudo demonstrou que a suplementação crônica de S. platensis nas doses de 150 mg/kg e 500 mg/kg ou um programa de treinamento de força são isoladamente eficazes em promover um aumento na reatividade relaxante à ACh e uma diminuição na reatividade contrátil à FEN na aorta de rato, e ainda que a combinação destes dois procedimentos potencializa os efeitos. Estes efeitos são acompanhados por um aumento na concentração de nitrito, indicando participação da via do NO, por uma redução do estresse oxidativo e aumento na atividade antioxidante.