Resumo

Alterações decrescentes na força e ativação neuromusculares comprometem a funcionalidade de pacientes com doença renal crônica (DRC) e contribuem para a elevação da morbimortalidade. A hemodiálise (HD) é uma alternativa terapêutica que aumenta a sobrevida dos pacientes, todavia acentua a diminuição da área de seção transversa e da capacidade funcional, quando comparados àqueles em tratamento conservador. Em contrapartida, o treinamento de resistência muscular (TR) melhora aspectos da aptidão neuromuscular de seus praticantes, mas naqueles em hemodiálise, isso ainda não está totalmente esclarecido. OBJETIVO: Avaliar o efeito de 16 semanas de TR sobre força, ativação neuromuscular e capacidade funcional de pacientes com DRC submetidos à HD. MÉTODOS: Trinta e dois sujeitos (54 ± 14 anos), foram alocados por conveniência em grupo HD-CO (hemodiálisecontrole, n = 15) e HD-TR (hemodiálise-treinamento de resistência muscular, n = 17) se submeteram a avaliações socioeconômicas, antropométricas (massa, estatura e IMC), isocinética (pico de torque - PT em 60°·s e potência - POT em 180°·s, três séries, três repetições) com registro eletromiográfico (ativação neuromuscular - RMS e frequência mediana - FM) e nos testes funcionais de força de preensão manual (PM), levantar/sentar (L/S) e caminhada de 6 min (TC6min) antes e após o período de intervenção. O HD-TR realizou treino em circuito pré-diálise, três vezes/sem, com pesos livres, tubos elásticos e steps, num protocolo composto por 10 exercícios, três séries, 15 repetições, sendo 30 s de exercício e 30 s de recuperação. Foi empregada a ANOVA 2-way, tendo como fator principal e independente os “grupos” e dependente os “momentos”, p < 0,05. RESULTADOS: Concluíram o estudo 21 sujeitos (HD-CO, n = 7 e HD-TR, n = 14). A sobrecarga total de treino do grupo HD-TR aumentou 213%. A força de PM aumentou no grupo HD-TR (HD-CO = -2,0 ± 4,6 vs. HD-TR = 2,1 ± 3,0 kg, p = 0,02), bem como o número de repetições no teste L/S (HD-CO = -2 ± 1 vs. HD-TR = 5 ± 4, p < 0,01). Nenhuma diferença significante foi encontrada no perfil antropométrico e nas demais variáveis após o período de intervenção (p > 0,05). CONCLUSÃO: O TR associado à hemodiálise melhora indicadores de funcionalidade, especialmente a força de PM e a potência de membros inferiores, contudo não reverte o suposto efeito negativo da hemodiálise na capacidade de caminhada, na avaliação isocinética e eletromiográfica.

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