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INTRODUÇÃO:

A presença de fatores de risco para doenças cardiovasculares pode ser verificada por meio de alguns marcadores, dentre eles os bioquímicos: frequentemente discutidos na literatura a análise do perfil lipídico - Colesterol Total, HDLcolesterol e LDLcolesterol; e os hemodinâmicos, como por exemplo, a pressão arterial e a freqüência cardíaca (FC) de repouso, parâmetros estes modulados pelo sistema nervoso autônomo, que pode ser analisado pelo comportamento da FC batimento a batimento (intervalos entre os picos adjacentes das ondas R obtidas pelo eletrocardiograma e também por meio de cardiofrequencímetro). Além disso, é sabido que, o treinamento físico aeróbio, dentre diversos benefícios, pode modificar positivamente o perfil lipídico e autonômico alterado frequentemente em indivíduos envelhecendo, o que propicia o desenvolvimento de doenças relacionadas ao sistema cardiovascular.

Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o comportamento das variáveis bioquímicas do perfil lipídico e as respostas autonômicas decorrentes de um programa de treinamento físico aeróbio (TFA) em homens de meia-idade.


 METODOLOGIA:

Foram selecionados inicialmente 20 voluntários saudáveis e não ativos fisicamente, entre 40 e 60 anos de idade. Neste trabalho apresentamos os resultados de apenas oito destes voluntários (média de idade 46,81±4,9 anos). Após assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética da instituição, todos realizaram exame cardiológico clínico e ergométrico, coleta de amostras sangüíneas para análises bioquímicas (perfil lipídico) e avaliação cardiovascular de repouso na posição supina, obtendo-se os iRR (tempo de registro 30 minutos) por meio de cardiofrequencímetro da marca Polar®, Modelo S810i (Finlândia) que foram analisados e processados pelo software HRV Analysis® (Finlândia). Obteve-se a análise no domínio do tempo (RMSSD e pNN50). As avaliações foram realizadas sempre no mesmo período do dia, nas condições pré e pós 16 semanas de treinamento físico aeróbio que utilizou a periodização do método contínuo variativo, com intensidades de treino crescentes entre 70% e 80% da velocidade pico de corrida obtida em teste de exaustão em esteira. A análise apresentada neste trabalho é apenas descritiva.


RESULTADOS:

Na avaliação bioquímica pré e pós-treinamento, os valores medianos das concentrações foram respectivamente: colesterol total (194 mg/dL vs 173 mg/dL), HDL (47,5mg/dL vs 46,6 mg/dL) e LDL (121,5 mg/dL vs 101 mg/dL). Já na avaliação autonômica pode-se observar aumento tanto no RMSSD (51,73ms vs 115,73ms), quanto no pNN50 (13,24% vs 14,70%), ambos considerados indicadores da modulação parassimpática, respectivamente nos momentos pré e pós-treino. Em uma análise geral, pôde-se observar que houve uma melhora no pós-treino de 75% do padrão do perfil lipídico e de 87,5% dos indicadores autonômicos obtidos nesta amostra, quando analisados individualmente.


CONCLUSÕES:

De acordo com os resultados apresentados pode-se verificar que o TFA proposto corrobora com a literatura melhorando o perfil lipídico e os indicadores da modulação autonômica estudados, configurando-se o treinamento físico como um interessante método não farmacológico para prevenção e controle de fatores de risco para doenças cardíacas.