Resumo

A doença renal crônica (DRC) é considerada um problema de saúde pública com alta morbimortalidade e taxas de prevalência e incidência crescentes no Brasil e no mundo. É caracterizada por uma perda irreversível e progressiva da função e/ou da estrutura renal por tempo superior a três meses, decorrentes de inúmeras doenças que podem comprometer os rins e o método atual mais comum de tratamento é a hemodiálise (HD). O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do treinamento físico combinado (TFC) na capacidade funcional, aptidão cardiorrespiratória, força e resistência muscular inspiratória, função pulmonar e qualidade de vida de indivíduos com insuficiência renal crônica (IRC). Foram estudados 18 participantes com IRC, randomizados em: grupo treinamento físico combinado (GTFC) (idade [62,3 ± 6,96] anos, IMC [26,2 ± 6,49] kg/m2) e grupo controle (GC) (idade [54,6 ± 5,77] anos, IMC [24,8 ± 5,31] kgm2). A avaliação inicial constou da anamnese; da avaliação da capacidade funcional e cardiorrespiratória, por meio do Teste de Degrau de seis minutos (TD6), do consumo máximo de oxigênio (VO2 max), obtido de forma indireta por meio do TD6; da avaliação muscular respiratória, por meio das medidas da Pressão Inspiratória Máxima (PImáx), Pressão máxima expiratória (PEmáx) e Pressão Inspiratória Máxima Sustentada (PImáxS); avaliação da função pulmonar por meio Capacidade Vital Lenta (CVL), Capacidade Vital Forçada (CVF) e Ventilação Voluntária Máxima (VVM) e; da qualidade de vida por meio do questionário KDQOL–SF. No GTFC foi realizado treinamento resistido e aeróbio por 12 semanas, três dias por semana, durante a sessão de hemodiálise. O protocolo foi composto por 20 minutos de exercícios resistidos em membros inferiores e 30 minutos de exercícios aeróbios utilizando um cicloergômetro. O GC não realizou exercício físico. Após o período de 12 semanas, os participantes foram reavaliados. Para as comparações das variáveis foi realizada a análise de variância medidas repetidas (ANOVA) e considerado significativo o valor de p<0.05. Ao término do estudo não foram observadas diferenças significativas intergrupos para as variáveis: número de subidas no degrau (p=0,96); ritmo de subidas no degrau (p=0,96); VO2máx (p=0,96); PEmáx (p=0,80); PImáx (p=0,13); CVL (p=0,26); CVF (p=0,54) e VVM (p=0,28). Houve diferença significativa, na análise intergrupos para a PImáxS, (p=0,01) favorecendo o GTFC. Em relação à qualidade de vida foi observada interação significativa intergrupos evidenciando melhora no GTFC nos domínios: função social (p=0,01); bem-estar (p=0,03); vitalidade (p=0,02); saúde geral (p=0,02); (p=0,04); função cognitiva (p=0,01); sono (p=0,001); e encorajamento (p=0,04). Foi possível concluir que o TFC supervisionado, de 12 semanas, durante a sessão de hemodiálise, promoveu manutenção da capacidade funcional e cardiorrespiratória assim como da função pulmonar e muscular respiratória. O TFC resultou em melhora da qualidade de vida em vários aspectos como: função social, bem-estar, vitalidade, saúde geral, função cognitiva, sono e encorajamento, demonstrando que o TFC influenciou positivamente aspectos de saúde nos indivíduos com IRC submetidos à HD.


 

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