Resumo
A obesidade acarreta alterações metabólicas e inflamatórias do organismo, elevando o risco de morte por doenças cardiovasculares. A prática de exercício aeróbio em moderada ou alta intensidade, tem se mostrado benéfica para melhora do perfil cardiometabólico e inflamatório, atenuando as complicações da obesidade. Entretanto, há controvérsia sobre a dose ótima de exercício a favor desses benefícios. Diante disto, o objetivo deste estudo foi comparar os efeitos do treinamento intervalado de alta intensidade (TIAI) com o treinamento contínuo de moderada intensidade (TCONT), sobre marcadores inflamatórios e cardiometabólicos de mulheres sedentárias com obesidade. Hipotetizamos que o TIAI com esforços executados próximo a frequência cardíaca máxima (FCmáx), porém com a metade do tempo e metade do défict calórico gerados no TCONT, promoveria semelhantes respostas nos parâmetros inflamatórios e cardiometabólicos de mulheres obesas. 48 mulheres obesas [32,8 ± 5,2 anos] foram alocadas aleatoriamente em grupo controle (CTR) [não realizaram treinamento], grupo TCONT [50 min á 65-75% da frequência cardíaca máxima (FCmáx)] e grupo TIAI [25 min compostos por 10 X 1 min a 90-95% FCmáx, separados por 1 min de recuperação ativa a 50% da FCmáx]. Durante 8 semanas, os grupos TCONT e TIAI se exercitaram com 3 sessões na semana. O défitc calórico total estimado por cada sessão, foi de ~380 kcal para o MICT e ~200 kcal para o HIIT. Completaram o estudo 23 mulheres (10 no CTR, 6 no TCONT e 7 no TIAI) e não houveram diferenças estatísticas entre os grupos nas características iniciais. O principal achado foi que ambos os TCONT e TIAI diminuiram significativamente e similarmente a interleucina-6 (IL-6) (~40%). Não se observou o mesmo para proteína C-reativa, leptina e TNF-?. Ambos os TCONT e TIAI promoveram significativamente maior recuperação da FC (RFC), pressão arterial sistólica (RPAS) e diastólica (RPAD) após teste ergométrico. Apenas a RPAS em 2 min foi superior no TIAI comparado ao TCONT (-16 vs. 2 mmHg). Apenas o TCONT reduziu significativamente a insulinemia (~7 µU/ml), colesterol total (~13%), LDL-colesterol (~13,5%) e PAD de repouso (~10 mmHg), porém, tais mudanças não diferiram estatisticamente na comparação com o CTR e TIAI. O aumento no consumo pico de oxigênio foi significativamente maior no TCONT comparado ao TIAI (16% vs. 6%). Nas análises de glicemia, HOMA-IR, triglicerídeos, gasto energético de repouso, oxidação de carboidrato e gordura, antropometria e composição corporal, ambos TIAI e TCONT não se diferiram do CTR e falharam em exercer modificações clínicas significativas. Sendo assim, concluímos que o TCONT e TIAI oferecem reduções similares de IL-6, RFC, RPAS e RPAD, apesar de não modificarem significativamente outros fatores de risco cardiometabólico em mulheres obesas. Destacamos que o TIAI utilizou 50% menos tempo total de exercício e gerou ~48% menos déficit calórico comparado ao TCONT e os achados corroboram com a nossa hipótese. Com isso, sugerimos que o TIAI é uma estratégia tempo-eficiente e sua prescrição mostra ser segura para populações de alto risco cardiometabólico