Resumo
Referência: CORRÊA, Hugo Treinamento resistido para melhora do prognóstico da doença renal crônica: uma visão molecular. 152 p. Projeto de mestrado (Educação Física), Universidade Católica de Brasília, Distrito Federal, Brasil 2021. O exercício como tratamento na doença renal crônica tem emergido como uma estratégia viável, capaz de modular padrões sistêmicos e moleculares associados à prognose da doença. No entanto, há uma lacuna na literatura no que tange o papel do treinamento resistido sobre a prevenção e o tratamento da doença renal. Observando um passado próximo, depreende-se de que há um potencial terapêutico do treinamento resistido à luz de diversas outras doenças crônicas degenerativas. Isso levanta uma questão fundamental: dada a capacidade terapêutica do treinamento resistido sobre outras doenças, pode-se considerar que esse modelo pode ser usado para melhorar o quadro clínico de doentes renais? Para tanto, o objetivo dessa dissertação foi investigar os efeitos do treinamento resistido no tratamento da doença renal crônica em diferentes estágios. Quatro estudos foram submetidos e publicados. No Estudo 1, foi demonstrado que seis meses de treinamento resistido gera um papel protetor sobre a pressão arterial de 24 horas, estresse oxidativo, sistema renina-angiotensina, óxido nítrico e dimetil-L-arginina assimétrica. No Estudo 2, verificou-se que esse modelo de treinamento atenua a queda da função renal pela manutenção de parâmetros urêmicos, citocinas e eixo Klotho-fator de crescimento de fibroblastos 23 em pacientes com a doença renal em estágio conservador. O Estudo 3 demonstrou que os resultados do Estudo 1 e 2 se translacionam para pacientes em estágio hemodialítico visto que o treinamento resistido melhorou a qualidade do sono, a qual, parece ser explicada parcialmente pela melhora do perfil inflamatório, estresse oxidativo, óxido nítrico e dimetil-L-arginina assimétrica. Assim, ainda em pacientes em hemodiálise, O Estudo 4, demonstrou que as sestrinas, uma família de proteínas induzíveis por exercício conservadas evolutivamente, aumentam de forma quase unânime em pacientes em hemodiálise frente ao modelo de treino estudado, abrindo perspectivas para essa molécula como um mediador importante dos efeitos benéficos do treinamento resistido. Em síntese, pode-se considerar que o treinamento resistido pode ser uma terapia significante para pacientes em estágio conservador e hemodialítico da doença renal crônica por atuar de forma sistêmica e molecular relacionado à saúde renal e cardiovascular.