Resumo

No Estado do Tocantins chama-se popularmente de “trieiro” um caminho estreito em meio à vegetação ou clareira, formado por passagens sucessivas de seres humanos ou animais, que por sua vez também são chamados de trieiros. A palavra reúne em si dois processos distintos: caminho e caminhante, a criação de um caminho e o ato de percorrê-lo, o sujeito da ação e o rastro da ação. Este acontecimento direciona o Grupo Xanarai, um coletivo de pesquisa e criação cênica, nascido no ano de 2013 pelo desejo de discentes e docentes do curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Tocantins. No ano de 2015, estreamos nosso primeiro e único espetáculo teatral, intitulado “Trieiros: no meio de um monte de nada”, fruto de uma pesquisa sobre a geografia do Estado do Tocantins, num processo que levou o grupo a uma série de viagens pelo interior desse estado, passando por locais como o Parque Estadual do Jalapão, Ilha do Bananal, Serra de Lajeado e Distrito de Taquaruçu. Este trabalho pretende discutir questões epistemológicas da palavra trieiros e sua possível implicação no campo artístico-pedagógico. O trieiro esboça uma geografia do pensamento e da ação que é simultaneamente extensiva, na medida em que o traça objetivamente pela superfície terrestre, e também intensiva, na medida em que seu corpo é um território de passagem. Enquanto três autores, pretendemos abordar este acontecimento por três perspectivas provisórias: do ator, do encenador e da professora, através de um metálogo, formato de texto baseado na teoria de Bateson.