Resumo

Ouro Preto foi a primeira cidade brasileira a ser consagrada como Patrimônio Mundial da UNESCO em 1980. A chancela da UNESCO inseriu a localidade no bojo da patrimonialização global. Esse movimento fez elevar o número de investimentos e de turistas para a cidade. Diante desse contexto busca-se debater, criticamente, a relação entre turismo e patrimônio cultural. Especificamente procura-se, dentre outros objetivos, discutir sobre as dimensões socioespaciais e territoriais correlatas ao uso do patrimônio cultural para fins turísticos na cidade mineira. Metodologicamente, foi realizada uma investigação de abordagem qualitativa que se encaminhou por meio de pesquisa bibliográfica. Conclui-se que, em Ouro Preto, a relação entre turismo e patrimônio cultural apresenta inúmeras contradições que materializam nas desigualdades territoriais e na segregação socioespacial. Isto posto, espera-se que o poder local e as resistências sociais instituam instrumentos de enfrentamento úteis frente ao processo de segregação, prezando pela manutenção de espaços multifuncionais, voltados para a fruição e apropriação efetiva do patrimônio. Além disso, vislumbra-se uma política urbana-patrimonial mais justa, baseada na gestão participativa. Há, ainda, a necessidade de ativar memórias que sejam integradoras, que estimulem o diálogo, que permitam escapar de imposições historicamente estabelecidas. Ademais, deve-se suprir a carência de patrimônios identificados em todos os setores territoriais da cidade, sobretudo nos espaços marginais.

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