Um ídolo chileno na resistência, Carlos Caszely

Um grande jogador. Habilidoso e goleador. Este era Carlos Caszely. Não. Ele não era brasileiro. Ele era o melhor jogador do Chile, artilheiro do Colo-Colo, clube mais popular do país. Caszely foi finalista da Copa Libertadores com apenas 23 anos. Filho de um ferroviário, Caszely havia apoiado publicamente a candidatura de Allende pela União Popular e não escondia suas preferências políticas pelo socialismo. O Chile se classificou para a copa do mundo de 1974 por WO. A URSS se recusou a jogar no estádio nacional do Chile que serviu de câmara de tortura e execuções pela ditadura fascista de Pinochet.
Em 1974, ocorreria a Copa do Mundo de Futebol, na Alemanha. Mas, antes, em 11 de setembro de 1973, bombardeios aéreos contra o Palácio de La Moneda abalaram a democracia. Tinha início o golpe de estado comandado por golpistas das forças armadas do Chile e liderados pelo general Augusto Pinochet. 
O presidente eleito era deposto. Pior, assassinado. Nas eleições de 1970, Salvador Allende obtivera uma vitória com 36,2% dos votos, contra 34,9% de Jorge Alessandri, o candidato da direita. Allende se tornava, assim, o primeiro presidente socialista eleito pelo voto direto na América Latina. Com apoio dos Estados Unidos, os golpistas assassinaram Salvador Allende. Uma onda de perseguições, prisões e torturas tomaram conta do Chile. 
O estádio nacional do Chile se tornou campo de concentração dos presos políticos. Foi nele que assassinaram covardemente o cantor Victor Jara. O corpo foi encontrado dias depois em um matagal, com vários ossos quebrados e 44 marcas de bala. 
Dez dias após o violento golpe contra a democracia chilena, a seleção de futebol do Chile jogaria a repescagem para a Copa do Mundo, na Alemanha, contra a URSS, em 21 de setembro, em Moscou. Em meio a assassinatos, um jogador de futebol chileno se destacava: Carlos Caszely. Classificada para a Copa, a despedida da seleção chilena para a Copa da Alemanha ficaria marcada. Pinochet ofereceu uma festa para a delegação. Ao cumprimentar os jogadores, ao se aproximar de Caszely que já estava jogando na Espanha, ele colocou as mãos para trás. O ditador fingiu que nada acontecera. Mas o fato repercutiu. Jogando na Espanha durante a instalação da junta golpista, Caszely, quando retornou ao Chile, descobriu que sua mãe havia sido torturada pela ditadura. 
Caszely foi um grande jogador e ajudou a resistência chilena contra o fascismo a derrotar o sanguinário Pinochet. 

Para saber mais 
Caszely, Carlos.  No tengo por qué estar de acuerdo con lo que pienso. Livro. Editorial Planeta