Resumo
Esta pesquisa teve como objetivo descrever como os fatores emocionais e de relações sociais e os fatores de infraestrutura e do produto esportivo influenciam a satisfação do torcedor com sua experiência no estádio de futebol e a sua intenção de retornar ao estádio. Diversos estudos sobre o consumo esportivo (MADRIGAL, 1995; MORGAN; SUMMERS, 2008; MULIN; HARDY; SUTTON, 2004) sugerem que, comparativamente a outros tipos de consumo, nessa modalidade específica, o aspecto emocional/afetivo se sobressai. Dessa forma, considera-se que este estudo se justifica e se ampara nos seguintes aspectos: (a) nas características particulares do consumo esportivo que sugerem maior influência da dimensão sentimental/afetiva no comportamento desses consumidores; (b) na carência de estudos acadêmicos no Brasil sobre esse tipo de consumo; (c) na relevância gerencial e social de se compreender o comportamento dos torcedores e fãs de esportes; (d) na importância do esporte enquanto setor econômico; (e) na pequena quantidade de torcedores que frequentam os estádios no País para assistir jogos de futebol; e (f) na circunstância especial na qual o Brasil se encontra, em que sediará os dois principais eventos esportivos mundiais nos próximos três anos - a Copa do Mundo de Futebol, que será realizada em 2014, e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, agendados para 2016. A partir deste cenário, foi proposto um modelo teórico contendo os possíveis fatores que influenciam a frequência dos torcedores de futebol nos estádios brasileiros. Para tanto, optou-se por analisar os seguintes construtos relacionados aos fatores emocionais e de relações sociais: identificação com o time, lealdade ao time, emoções positivas e socialização do torcedor no estádio. Por sua vez, os construtos relacionados a fatores de infraestrutura e do produto esportivo adotados foram: qualidade dos serviços prestados no estádio, precificação do ingresso, acessibilidade ao ingresso, desempenho do time no campeonato e importância do jogo. Esses construtos foram relacionados com a satisfação do torcedor e, por fim, com a intenção de retornar ao estádio. O método adotado envolveu duas etapas empíricas principais. A primeira consistiu em uma pesquisa exploratória qualitativa, sob a forma de três grupos focais com torcedores brasileiros, tendo como objetivo entender os motivos que levam esses consumidores a frequentar os estádios. A segunda testou as doze hipóteses propostas, apresentando abordagem quantitativa. Para a coleta dos dados desta etapa utilizou-se uma survey eletrônica. A técnica estatística escolhida foi a Modelagem de Equações Estruturais (SEM). O número de respostas consideradas válidas para o estudo foi de 1.932. Os resultados da pesquisa comprovaram oito das hipóteses propostas. Os testes empreendidos no modelo apontaram o seu ajuste e validade empírica. Posteriormente, esse modelo foi comparado com dois modelos rivais, visando encontrar o mais ajustado, sendo que o Modelo Rival 2 foi o que apresentou os melhores índices de ajuste. Com base nos quadrados das correlações (R2) obtidos nesse modelo, pôde-se concluir que as variáveis vaticinadoras de intenção de retornar ao estádio explicam 30,2% de sua variância. Por sua vez, as variáveis vaticinadoras de satisfação explicam 28,0% da sua variância. Buscando-se responder ao objetivo geral, desenvolveu-se um teste que analisou a influência dos dois grupos de fatores distintos na satisfação e na intenção de retornar ao estádio. Como principais resultados, constatou-se que os fatores emocionais e de relações sociais influenciaram de forma mais significativa tanto a satisfação como a intenção de retornar ao estádio em comparação aos fatores de infraestrutura e do produto esportivo.