Um Panorama das Revistas de Surfe Brasileiras no último Quartel do Século XX

O trabalho tem como objetivo apresentar os achados de um levantamento relativo à história das revistas de surfe no Brasil. Para tanto, utiliza as próprias publicações, documentação disponível na internet, produtos audiovisuais (como o documentário Brasil Surf Doc e séries exibidas em canais de televisão por assinatura) e livros. O marco inicial é 1975, ano de lançamento da revista Brasil Surf, com sede no Rio de Janeiro. No período que compreende a segunda metade dos anos 1980 e a primeira da década seguinte, verifica-se um maior número de títulos, alguns com circulação nacional (como Fluir, Hardcore, Inside e Visual Esportivo), outros com distribuição menos abrangente. O fenômeno é, simultaneamente, causa e consequência da expansão da prática e do mercado do surfe, no país e no exterior. No período, a modalidade profissionalizou se no Brasil e ganhou visibilidade nos meios de comunicação: televisão (filmes, seriados, novelas, programas especializados e/ou esportivos), cinema, rádio e jornais. Isto ocorreu num contexto mais amplo de “redescoberta” do jovem como público-alvo dos meios de comunicação e da publicidade: o surfe foi visto como um instrumento de aproximação com a juventude e de legitimação de marcas e produto  junto a este setor (por exemplo, através do patrocínio de competições e de atletas; e da veiculação de anúncios em produtos midiáticos especializados, com destaque para as revistas). Além disso, é neste período que empresas e marcas vinculadas ao surfe, iniciadas de forma artesanal, se transformam em grandes negócios. Próximo à virada do século, algumas publicações lançam sites na internet e passam, também, a concorrer com veículos exclusivamente virtuais. Durante o recorte estebelecido, observa-se grande variação na duração das iniciativas. Alguns títulos persistiram por mais de uma década, ao passo que outros se limitaram a poucas edições. A maioria se situava no Rio de Janeiro ou em São Paulo, mas houve também publicações em estados litorâneos como Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O trabalho traz ainda observações a respeito do conteúdo de algumas das publicações, o qual, em geral, privilegia as viagens e a cobertura de competições.