Resumo

Os métodos atuais para determinar a velocidade crítica (VC) são limitados pela necessidade de realizar um grande número de testes até a exaustão, a uma velocidade constante, ou a partir de várias corridas máximas, em dias separados. Os objetivos desta tese foram: (1) desenvolver um teste submáximo, em esteira, de 10 minutos de duração (T10), medir a sua confiabilidade e validade; (2) verificar a capacidade de predição do teste T10 relacionada ao desempenho nas corridas de rua de 5 km e 10 km; e (3) comparar a dinâmica das respostas fisiológicas, de esforço e de prazer e desprazer durante corridas prescritas um pouco abaixo e um pouco acima da velocidade do teste T10. Para cumprir estes objetivos, 42 corredores de rua recreacionais participaram deste estudo (idade: 32,1 ± 6,0 anos, estatura: 172,7 ± 7,4 cm, massa corporal: 69,9 ± 9,1 kg, V̇O2máx = 52,5 ± 6,6 mL/kg/min). A amostra foi composta por 31 homens e 11 mulheres com, no mínimo, dois anos de experiência em corrida. Os resultados demonstraram que o teste T10 é eficaz em determinar a máxima velocidade capaz de ser sustentada a partir de um metabolismo oxidativo em estado estável, ou seja, a VC. A confiabilidade do teste T10 foi confirmada a partir de um coeficiente de variação entre o teste e reteste, de 3,4% (IC 90%: 2,9, 4,1%) e um coeficiente de correlação intraclasse r = 0,93 (IC 90%: 0,89, 0,96). A validade do teste T10 foi confirmada com a comparação com um método convencional de determinação da VC (três testes, em pista, com distâncias diferentes e em dias distintos). Não houve diferenças significativas entre a velocidade do teste T10 (3,86 ± 0,51 m/s) e o método convencional (3,88 ± 0,55 m/s). O erro típico da estimativa foi de 0,14 m/s (IC 90%: 0,10, 0,16 m/s), enquanto o coeficiente de correlação para o teste T10 e a VC do teste de campo foi r = 0,93 (IC 90%: 0,88, 0,96). O teste T10 apresentou uma alta associação com o desempenho nas corridas de 5 km e 10 km, sendo responsável por 81% da variação no desempenho destas corridas. Esse resultado mostra que a velocidade derivada do teste T10 está relacionada ao desempenho de endurance e, portanto, dá suporte à validade e à utilidade prática do teste. Em relação à dinâmica das respostas psicofisiológicas, os resultados demonstraram que pequenas variações na velocidade do teste T10 (± 5%) causaram alterações no perfil do V̇O2 que são características do exercício realizado em diferentes domínios de intensidade. As diferentes velocidades também causaram percepções de esforço e sensações de prazer e desprazer distintas. A corrida realizada acima da velocidade do T10 resultou em um aumento mais acentuado na PSE, em comparação à corrida abaixo da velocidade do T10. As sensações de prazer e desprazer apresentaram um comportamento oposto ao do esforço percebido. Houve uma queda significativa da sensação de prazer, tanto na corrida abaixo, quanto na corrida acima da velocidade do T10. Porém, o declínio do prazer foi muito mais acentuado na corrida acima da velocidade do T10. A principal conclusão desta tese foi que um teste submáximo, em esteira, de 10 minutos de duração (T10), é uma ferramenta confiável e válida para a determinação da velocidade crítica. O T10, portanto, é uma alternativa viável aos múltiplos testes realizados em pista ou esteira, ou testes de esforço máximo para determinação da velocidade crítica.

Acessar Arquivo