Resumo

Tencionamos elaborar por meio de uma cartografia autobiográfica1 a experiência de si, de uma professora de Educação Física na Educação Básica. A experiência de si é compreendida como um processo histórico que considera a verdade sobre o sujeito, as práticas de controle e sua subjetividade. Assim, tratamos o perceber-se sujeito docente no jogo de forças exercido num processo de subjetivação que, se por um lado indica determinadas condições de submissão agindo sobre os mesmos, por outro indica uma ação deles sobre eles mesmos, a partir do movimento de perceber-se. Ao iniciar a atuação no ensino público, a professora pré-definira concepções de escola, infância e realidade, construídas ao longo da experiência enquanto aluna na Educação Básica e Superior, assim, o primeiro movimento foi o de representar a realidade na qual acabara de pisar. Neste momento, inicia-se a construção de uma docência atravessada por outra representação de realidade, que passa a agir de forma a expulsar àquilo que a constituía até então. Dá-se, assim, a fabricação e a captura de um duplo eu, que compreende: o processo de assujeitamento do sujeito às condições de determinada realidade – como pode-se identificar nas representações modernas de escola e aluno; e o processo de compreensão desse assujeitamento – identificando que as forças que constituem essa realidade não possuem legitimidade intrínseca. Não há possibilidade de existência de sujeito fora das relações de poder, somos sujeitos porque vivemos em condições de assujeitamento. E é esse constrangimento que me permite também produzir outras formas de poder sobre mim, sobre a minha atuação. É preciso compreender os poderes que nos constituem para praticar a liberdade, no sentido de recusar certas formas de poder e assumir outras. Assumir formas que exercitem a potencialização da vida, do ser e do querer ser dentro de princípios éticos, sendo eles, formas refletidas de liberdade.