Resumo

Resumo: Organizar uma avaliação psicomotora com o objetivo de conhecer os alunos e fundamentar com os professores uma leitura do trabalho corporal da Educação Física no 1º Segmento do 1º grau de uma Escola, não é tarefa fácil, mas, sem dúvida, bastante gratificante. Inúmeras questões surgem, confrontando a história de cada um, com cada um, pondo à prova a resistência e a capacidade de flexibilização de objetivos e desejos. Essas questões variam da escolha dos testes até a interpretação deles.Os testes escolhidos foram: 1- Estruturação Espaço-temporal, 2A- Lateralidade (óculo-pedal), só para CA., 1ª e 2ª séries, 2B- Lateralidade (óculo-manual) ídem, 3- Equilíbrio, 4- Flexibilidade, 5- Coordenação Geral (ampla), 6- Coordenação Viso-motora, 7- Velocidade, 8- Força Explosiva. Eles foram feitos no início e no final do ano Letivo de 95, por uma equipe de seis professores e um coordenador. Os resultados do início do ano já foram divulgados, apontando questões relevantes na 3ª série, quanto ao desenvolvimento dessas crianças. Isso marca uma posição da área e suas contribuições na interdisciplinaridade, ao mesmo tempo que mobiliza o corpo docente a repensar a sua prática pedagógica e seus efeitos. Toda escola se vê ativa neste processo, desde o SOE até os funcionários, numa re-discussão da organização do pensamento à partir da embriologia motora.

Integra

Como avaliar um grupo de quase mil crianças de 5 a 12 anos, do 1º segmento do 1º grau de uma escola pública? Para que avaliá-los? Como organizar o processo da avaliação equipe de seis professores com formação e características completamente diferentes? Que validade teria esta avaliação para as demais disciplinas no processo de desenvolvimento dos alunos e na interdisciplinaridade?
Todas essas questões me apareceram quando na coordenação dessa escola, iniciei o ano de 1995, contando com um grupo novo de professores de Educação Física, com experiências variadas e desconhecendo o grupo de alunos que iriam trabalhar.
A 1ª questão se mostrou polêmica pois a questão é complexa mesmo. Temos hoje profissionais que abandonaram a visão cartesiana, tecnicista da performance, passando a ver a produção possível da criança e outros que ainda não se desintoxicaram dessas tendências. O como, para ser discutido com o grupo, teria que ser um "como real", não imposto, como trabalho a ser cumprido. A idéia era que esse "como" fosse discutido e compreendido na sua função, nos seus objetivos, que foram os seguintes:
Identificar dificuldades e facilidades dos alunos no seu desenvolvimento psicomotor.
• Identificar as diferenças entre eles nesse desenvolvimento.
• Ajudá-los a percorrer esse caminho, através de alguma leitura desse processo. observar os resultados e operacionalizar uma estratégia para modificar os quadros mais problemáticos.
• Encaminhar os extremos à um trabalho específico de psicomotricidade.
• A partir das observações, poder encaminhar, de forma mais adequada os objetivos pedagógicos da cadeira.
• Fazer a avaliação no início e no final do ano letivo.

A 2ª questão já ficou clara na exposição da 1ª.

A 3ª questão interrogação marca o processo democrático na coordenação de uma área e aponta como fundamental a troca, o aprendizado, a micro reciclagem constante, o resgate da realidade dessa comunidade no caminhar profissional e ético.

A 4ª posição me parece a razão de ser de uma área dentro da educação, pois viabiliza a discussão do movimento como prioritária no entendimento do desenvolvimento, na construção do ser.
Em sua metodologia, a avaliação apresentava a seguinte bateria de testes:
• Estruturação espaço-temporal
• Lateralidade (óculo-manual e óculo-pedal)
• Equilíbrio
• Flexibilidade
• Coordenação Geral (ampla)
• Coordenação Viso-Motora
• Velocidade
• Força Explosiva

Os resultados da 1ª avaliação, no início do ano letivo de 95 já apresentaram questões curiosas:
• Há uma necessidade de preparar melhor o corpo docente para operacionalizar, executar, aplicar um teste.
• A avaliação aponta possibilidades, que deverão ser melhor observadas no decorrer das aulas e aí serem constatadas ou não.
• A Escola (Alunos, Professores, Coordenadores e Diretor) fica atenta, curiosa, em relação aos resultados.
• É difícil avaliar qualitativamente quando tudo e todos pensam em quantidades.
• Fica complicado para a comunidade escolar se uma série como a 3ª, apontar muitas deficiências básicas como "ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL, EQUILÍBRIO, COORDENAÇÃO GERAL (AMPLA), COORDENAÇÃO VISO-MOTORA, VELOCIDADE E FORÇA EXPLOSIVA" em relação a alfabetização, 1ª e 2ª séries.
• Alguns testes eram amplos e davam margem a muitas observações. Por exemplo o de flexibilidade que ficou constatado após o resultado da alfabetização, que ele envolvia muita coordenação também, tornando-se difícil para a mesma na sua característica básica.
• A observação, a leitura das questões de observação para o apontamento, não precisa de uma execução rígida operacional. A observação pode ser feita durante uma atividade livre sem destaque para o instante dos testes.
• Vários alunos esquecidos nos arquivos do SOE, foram ressuscitados.
• Os professores de outras disciplinas da 3ª série pediram esclarecimento quanto aos resultados, assim como todo o corpo docente, num loby visível do grupo da cultura cognitiva institucional.

Bom, muitas outras questões apareceram, mas sem dúvida nenhuma foi muito bom posicionar a Educação Física numa interação com os demais setores da escola.
A Avaliação Psicomotora foi feita no final do ano letivo, com muita dificuldade. Fui transferido em setembro à outra Unidade, mas me coloquei a disposição e insisti periodicamente que a mesma fosse feita para a confrontação dos dados.
Mesmo em outra Unidade insisto até hoje, 21 de outubro de 1996 para que me sejam entregues os resultados para que se possa fazer uma apreciação.
Acho que uma área, principalmente a Educação Física não pode deixar uma instituição inteira sem respostas; alunos, pais, professores, toda a comunidade escolar precisam acompanhar, entender e respeitar m trabalho desde que ele mesmo se respeite.

BIBLIOGRAFIA

1. BEE, Helen. A Criança em Desenvolvimento. 3ª ed., Ed. Harbra, SP, 1984.

2. FONSECA, Vitor e MENDES, Nelson. Escola, Escola Quem És Tu, Ed. Artes Médicas, Porto Alegre, RS, 1987.

3. SABOYA, Beatriz. Bases Psicomotoras. Ed. Trainel, RJ, 1995.