Resumo
Este trabalho reconstitui o percurso histórico do conceito de divertimento na idade de São Paulo do século XIX, mais especificamente entre os anos 1828 e 1889. Seu objetivo é discutir os usos que foram feitos desse conceito pelos atores de tal contexto, a partir da reconstituição de uma mostra desses usos. O que nos permitirá conhecer o significado do conceito no contexto focalizado. Para tanto, se constituíram como principais fontes os jornais A Aurora Paulistana, A Phenix, Correio Paulistano, Diário de S. Paulo, Ensaios Literários, O Acayaba, O Farol Paulistano, e O Novo Farol Paulistano, além da literatura produzida por viajantes estrangeiros que estiveram na capital paulista no período estudado. Foi possível verificar que várias palavras eram usadas pelos paulistanos para designar o conceito de divertimento. Havia uma disputa entre os vocábulos passatempo, diversão, recreação, lazer e divertimento, em que este último saiu vitorioso, se constituindo, portanto, no significante do conceito. O significado, ou o conteúdo do conceito de divertimento dizia respeito a atividades que tinham em comum sentimentos e expectativas. Elas provocavam alegria, prazer, regozijo. Estavam em oposição ao que era sério e sisudo. Mas apesar de possuírem essa natureza comum, eram atividades muito variadas que incluíam desde a música e o teatro, às zombarias e ao mais novo divertimento da cidade, os esportes. Foi possível também, melhor compreender a dinâmica da cidade de São Paulo, que não era tão pobre, pacata e tediosa como se costuma afirmar, bem como foi possível perceber a indissociabilidade entre os divertimentos e a cidade. Os divertimentos eram a cidade, e por isso dela diziam.