Uma intervenção multicomponente, de base escolar, apresenta efeito em indicadores antropométricos de adolescentes?
Por Juliane Berria (Autor), Giseli Minatto (Autor), Analiza M. Silva (Autor), Cilene R. Martins (Autor), Jéssika A. J. Vieira (Autor), Luiz Rodrigo A. de Lima (Autor).
Em VI Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
A prevalência de sobrepeso e obesidade tem aumentado em muitos países e sua prevenção é importante, pois o aumento da gordura corporal está associado a diversos agravos à saúde. Intervenções para a prevenção do sobrepeso e obesidade no ambiente escolar foram testadas em diferentes países, contudo os resultados referentes ao efeito dessas intervenções ainda são inconclusivos. OBJETIVO: Analisar o efeito de uma intervenção multicomponente, de base escolar, em indicadores antropométricos de adolescentes brasileiros. MÉTODOS: Duas escolas de Florianópolis foram selecionadas para participar do estudo, sendo uma o grupo intervenção (GI) e outra o grupo controle (GC). Participaram das avaliações pré-intervenção 547 adolescentes (329 no GI), do 6º ao 9º ano e 478 (283 no GI) completaram as avaliações após a intervenção. A intervenção ―Mexa-se‖ teve duração de 13 semanas e incluiu quatro componentes; 1) aumento da intensidade do exercício nas aulas de Educação Física (EF); 2) recreios ativos; 3) sessões educativas (atividade física (AF), comportamento sedentário, nutrição e imagem corporal) e 4) materiais educativos para adolescentes e pais. Os indicadores antropométricos analisados foram: índice de massa corporal (IMC = massa corporal/estatura2 ), perímetro da cintura (PC) e somatórios das dobras cutâneas do tríceps e subescapular (Ʃ2DC). A maturação sexual (MS), classe econômica (CE) e AF habitual foram auto reportadas e a presença nas aulas de EF foi registada. As comparações foram analisadas por análise de covariância (ANCOVA) ajustada para o sexo, MS, CE e AF habitual. RESULTADOS: O IMC (GI = 0,35, IC95%: 0,25; 0,46; GC = 0,43, IC95%: 0,31; 0,56), PC (GI = 0,91, IC95%: 0,64; 1,19; GC = 0,59, IC95%: 0,27; 0,90) e Ʃ2DC (GI = 0,89, IC95%: 0,45; 1,34; GC = 1,35, IC95%: 0,83; 1,87) dos adolescentes aumentou significativamente do pré para o pós-intervenção em ambos os grupos, contudo na comparação intergrupos não há diferença significativa para nenhum dos indicadores analisados (IMC p = 0,640; PC p = 0,090 e Ʃ2DC p = 0,271). O tamanho do efeito da intervenção não foi significativo (IMC = -0,10, IC95%: -0,29; 0,09; PC = 0,15, IC95%: -0,04; 0,34; Ʃ2DC = -0,13, IC95%: -0,33; 0,06). Na análise por intenção de tratar não se verifica alteração nos resultados. CONCLUSÃO: A intervenção ―Mexa-se‖ não apresentou efeito para nenhum dos indicadores analisados, embora o aumento no IMC e Ʃ2DC tenha sido inferior no GI.