Uso de Anabolizantes Entre Adolescentes Brasileiros
Por Daniel Carreira Filho (Autor).
Em XI Congresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
O estudo, do tipo epidemiológico, buscou investigar a prevalência do uso
de Esteróides Aanabólicos Androgêncios entre adolescentes brasileiros e
sua relação com a prática esportiva ou de atividades da cultura corporal de
movimento, tanto de forma recreativa quanto com objetivo de rendimento
esportivo. Os alunos das escolas da educação básica do município de São
Caetano do Sul (considerando as turmas posteriores à sexta série do ensino
fundamental), matriculados e freqüentes nas escolas no ano de 2003, foram
submetidos a um questionário de múltipla escolha especialmente construído
e testado para a finalidade. Pelo instrumento buscou-se identificar os
objetivos do uso, tipo de droga utilizada, características da prática de
atividades esportivas e suas correlações. Os participantes tiveram a absoluta
garantia do sigilo das informações prestadas, além de assinarem o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (escola, pais e alunos), conforme a
legislação em vigor, sendo conquistado um total de 2219 adolescentes de
14 a 18 anos (18,64% da população da cidade para a faixa etária). Foram
encontradas porcentagens de uso dos EAA similares aos referidos na
literatura mundial (2,39%, n = 53) havendo diferenças significantes para
o gênero masculino com 3,78% de usuários em oposição a 0,96% entre as
mulheres. Para a análise estatística dos dados foi utilizado o teste não
paramétrico do quiquadrado. Constatou-se que as drogas indicadas pelos
adolescentes são as mesmas encontradas em outros estudos brasileiros
envolvendo esportistas e freqüentadores de academias, em especial para a
prática da musculação. Observou-se que a prática esportiva com finalidade
competitiva ou de rendimento não pode ser considerada como fator
determinante do uso dos EAA visto que a maior parte dos usuários sequer
participam de atividades esportivas ou da cultura corporal de movimento
com freqüência e duração que pudessem ser consideradas como apropriadas
à finalidade de rendimento. Apenas 30,19% dos usuários declararam
participar de atividades com finalidade competitiva. Observou-se, também,
que 37,74% dos participantes usuários sequer praticam qualquer tipo de
atividade esportiva ou da cultura corporal de movimento. O estudo indica
a necessidade de criação e implementação de programas de orientação dos
adolescentes, incluindo a discussão como tema transversal no ensino médio
como forma de orientação de jovens adolescentes quanto às questões da
corporeidade.