Uso da pasta de gelo e seu impacto na amonemia e desempenho cognitivo-motor em bombeiros militares submetidos a simulação de combate à incêndio
Por Pedro Henrique Fernandes Costa (Autor), Fernando Antônio Holanda Braga Damasceno (Autor), Anderson Lopes De Albuquerque (Autor), Fernando Minervo Pimentel Reis (Autor), Eduardo Seixas Prado (Autor), Arthur Wanderley Martins (Autor).
Em 46º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
: bombeiros militares estão expostos a riscos ocupacionais durante combate a incêndio ou em simulações dessa atividade, denominado de Exercício de Fogo Real (EFR). Tais riscos podem levar a um aumento da temperatura corporal, desidratação e redução do seu desempenho. Postula-se que um aumento na temperatura corporal e/ou desidratação pode favorecer um estado de hiperamonemia e desencadear fadiga central e danos cognitivos-motores. O uso da pasta de gelo parece ser uma forma de intervenção para atenuar o aumento da temperatura corporal e, consequentemente, a hiperamonemia, além de melhorar o desempenho cognitivo-motor em exercícios físicos no calor. No entanto, não há nenhuma informação na literatura sobre esse assunto. Objetivo: verificar o impacto do uso da pasta de gelo sobre a amonemia e desempenho cognitivo-motor de bombeiros militares submetidos a EFR. Materiais e métodos: participaram do estudo vinte e quatro bombeiros, do sexo masculino, treinados em EFR. Os participantes foram divididos em dois grupos de doze bombeiros cada: com pasta (CP) e sem pasta (SP). O CP ingeriu 7,5 g.kg-1 de pasta de gelo de água, enquanto o SP ingeriu 7,5 mL.kg-1 de água natural, imediatamente antes do EFR. Antes (Pré) e após (Pós) o EFR, os bombeiros foram submetidos a coletas sanguíneas para avaliações metabólicas (Amônia, ureia, urato e glicose), de hidratação (Osmolaridade plasmática), e de temperatura superficial corporal (TSC), por termografia. Testes para avaliação do desempenho cognitivo-motor (memória imediata e tempo de reação simples), também foram realizados. ANOVA 2 x 2 com medidas repetidas foi usada para comparação entre os grupos. Diferenças significativas (P < 0,05) foram confirmadas através do teste post hoc de Bonferroni, usando SigmaStat versão 14.0. Resultados: a TSC foi maior no grupo SP (Pré, 35,3 ± 0,8 °C vs Pós, 36,8 ± 0,9 °C; P = 0,005) do que no CP (Pré, 36,0 ± 0,7 °C vs Pós, 37,2 ± 0,6 °C). O mesmo ocorreu para a osmolaridade plasmática (SP Pré, 289,2 ± 5,3 mOsm/L vs SP Pós, 295,3 ± 4,3 mOsm/L, P = 0,047; CP Pré, 294,4 ± 2,8 mOsm/L vs CP Pós, 289,5 ± 4,4 mOsm/L). Houve aumento da amonemia no grupo SP (Pré, 30,40 ± 13,98 µmol/L vs Pós, 53,71 ± 15,27 µmol/L, P = 0,007), mas não no CP (Pré, 36,57 ± 21,70 µmol/L vs Pós, 49,42 ± 15,46 µmol/L). A uremia foi menor no grupo CP, mas não no SP. Não houve mudança na glicemia e uricemia. Também não foram observadas alterações nos testes cognitivos-motores entre os grupos. Conclusão: os dados sugerem que o uso da pasta de gelo com água, é capaz de reduzir amonemia, retardar o aumento da uremia, mas não melhora o desempenho cognitivo-motor em bombeiros após EFR.