Usos da Ginástica nos Annaes Brasilienses de Medicina
Por Felipe Lameu dos Santos (Autor), Laryssa Rangel Guerra (Autor), Yuri Santos de Menez (Autor).
Em XV Congresso de História do Esporte, Lazer e Educação Física - CHELEF
Resumo
O presente trabalho analisou o que parte dos médicos estavam escrevendo sobre a ginástica na segunda metade do século XIX na cidade do Rio de Janeiro. O documento tornado fonte foi o Annaes Brasilienses de Medicina publicado durante o período pesquisado. Na visão dos médicos, o cenário da capital do Brasil no final do século XIX era uma cidade mal delineada, mal arquitetada, suja, sem ventilação, húmida, quente, com diversos miasmas, e deficiente no âmbito da higiene pública (AZEVEDO, 1872, p. 419). Na Europa havia começado um movimento que buscava promover a saúde e foi chamado de “movimento higienista”, que, quando chegou ao Brasil, foi visto pelos médicos como a possível solução para a decadência que o Rio de Janeiro se encontrava. A medicina encarava o higienismo como forma de melhorar a saúde da população brasileira e acreditava que a Educação Física seria um meio para alcançar esse objetivo. As pessoas no Rio de Janeiro apresentavam um constante adoecimento e alguns médicos defendiam que a causa das enfermidades que assombravam o Rio de Janeiro era a aplicação dos hábitos europeus no Brasil (AZEVEDO, 1872, p. 439). Um outro apontamento que apareceu nos relatos médicos foi a estrutura arquitetônica das moradias da cidade do Rio de Janeiro, que além de ser uma cidade quente e de não ser agraciada pelos ventos, as casas não apresentavam uma construção que favorecesse a circulação de ar. A ginástica seria um instrumento do movimento higienista para que conseguisse solucionar esses problemas que o Rio de Janeiro enfrentava, sendo assim, ela era recomendada para todas as pessoas, com diferentes aplicações. O homem precisava de força, já a mulher, era responsável por cuidar da família e da educação dos filhos (FILHO, CESAR, SANTOS, 1874, p. 74). Dessa forma, aplicações ginásticas diferentes eram indicadas para os homens e para as mulheres. Para as crianças, a ginástica era de utilidade para acalmar as suas inquietações (FILHO, CESAR, SANTOS, 1874, p. 74) e no período da puberdade as meninas precisavam de uma maior atenção, pois estavam passando por uma fase de desenvolvimento dos órgãos fecundativos (FILHO, CESAR, SANTOS, 1874, p. 75), enquanto na velhice, a ginástica podia estimular o sistema nervoso e muscular que são comumente afetados. Na visão desses médicos, deveria existir uma ginástica específica para cada idade e para cada sexo. Os documentos pesquisados apontam como a Educação Física era percebida por parte dos médicos, como solução para alguns problemas que acometiam a sociedade do Rio de Janeiro na época.
Referências
AZEVEDO, L. C. Concorrerá o modo por que são dirigidas entre nós a educação e instrução da mocidade, para o benéfico desenvolvimento physico e moral do homem?. Annaes Brasilienses de Medicina. Tomo XXIII. Abril de 1872 – n. 11.
FILHO, J. P. R.; CESAR. J. P. R.; SANTOS. J. B. Da utilidade da gymnastica nas escolas de ensino primário. Annaes Brasilienses de Medicina. Tomo XXVI. Julho de 1874 – n. 2.
[1]Discente do Curso de Educação Física, IE/UFRRJ. E-mail: ysmenez@hotmail.com
[2]Discente do Curso de Educação Física, IE/UFRRJ. E-mail: laryssa.guerra@live.com
[3]Professor do DEFD/IE/UFRRJ. E-mail: felipelameu@gmail.com