“Vai se tratar garota”: tematizando as dancinhas do tiktok

Parte de Escrevivências da educação física cultural - Vol.3 . páginas 31 - 54

Resumo

O que pode a Educação Física no cenário pandêmico? Quais cenas di-dáticas são produzidas nesse contexto? Como pensar o fazer do-cente em diálogo com esta nova realidade? Como estabelecer relação com corpos-sujeitos da educação no retorno ao espaço escolar após o período de distanciamento social? Como pensar na prática pedagógica se o terre-no social em que nos movimentamos tem sido o da banalização da morte devido ao total descontrole pandêmico que ceifou mais de 600 mil vidas no Brasil? Como retornar aos espaços escolares com nossos corpos sobre-carregados, por vezes, adoecidos devido ao extremo exercício que tem sido se manter viva/o? Questões como essas rondam nossos pensamentos en-quanto somos consumidas/os por uma sociedade altamente globalizada, multicultural e profundamente desigual que exaustivamente tem nos co-brado nada mais, nada menos, que o êxito. Longe de percorrer essa esteira da eficiência pedagógica e buscando pensar nos fracassos diários e falhas performativas de nossos corpos, a seguir, serão narradas as experiências vividas com corpos-crianças no chão da escola e pelas telas dos equipa-mentos eletrônicos. Corpos conectados, em rede, aliançados a pensar cole-tivamente nas possibilidades da Educação Física escolar em meio ao caos.Na cidade de São Paulo, a educação foi classificada como serviço essencial pelo Decreto Municipal nº 60.118, de 12 de março de 2021, que automatica-mente liberou a retomada das atividades presenciais no formato de Ensino Híbrido Emergencial (EHE)1 através das flexibilizações estabelecidas pelo 1 O uso do termo emergencial se deve à compreensão de que a escolha desse formato se deu na tentativa de conter a circulação do coronavírus (Sars-Cov-2), realizando o isolamento social determinado pelos governos municipais, estaduais e federais.