Resumo
RESUMO Introducao: smartphones tem propiciado a disponibilizacao de varios aplicativos para avaliacao da variabilidade da frequencia cardiaca (VFC). No entanto, de 25 aplicativos disponiveis ate 2019, apenas dois haviam sido validados. Alem disso, a VFC tem sido utilizada para o monitoramento das cargas internas de treinamento, sem que estudos tenham determinado a sensibilidade desta ferramenta para acompanhar as alteracoes fisiologicas decorrentes das flutuacoes das cargas externas de treinamento. Objetivo: verificar a acuracia do aplicativo para smartphone HRV Expert by Cardiomood® para o registro dos intervalos RR comparado ao eletrocardiograma (ECG) e, testar a sensibilidade da VFC a ondulacao das cargas de treinamento durante um mesociclo composto por microciclos ordinarios, choque e regenerativo em atletas corredores recreacionais. Metodos: na etapa de validacao participaram 31 homens corredores recreacionais (36,1±6,3 anos). A VFC foi registrada durante cinco minutos pelo aplicativo CardioMood e simultaneamente pelo ECG, tanto na posicao supina quanto sentada. Indices de dominio de tempo (FC, MeanRR, SDNN, NN50, pNN50, rMSSD), dominio da frequencia (LF, HF, LFnu, HFnu, LF/HF e VLF) e variaveis nao lineares (SD1 e SD2) foram comparadas por Teste t independente, correlacao de Pearson, regressao linear simples e Bland Altman para verificar a concordancia entre os dispositivos. Para o teste de sensibilidade participaram treze atletas (37,8±6,9 anos), sendo avaliados 2 vezes em cada microciclo (segunda e sexta-feira) durante um mesociclo composto por microciclo ordinario 1, ordinario 2 (aumento de 30% do volume), choque (aumento de 20% da intensidade) e regenerativo (reducao das cargas). Em cada avaliacao, foi realizado o registro da VFC durante 5 minutos e utilizados os indices do dominio do tempo, da frequencia e nao lineares que foram utilizados na etapa da validacao. Questionarios psicometricos foram aplicados (RESTQ-Sport e POMS) e, coleta sanguinea foi realizada para analise de marcadores de desgaste muscular (Creatina Quinase (CK), Lactatodesidrogenase (LDH)) e estresse oxidativo (malondialdeido (MDA)). Resultados: na etapa de validacao, os resultados obtidos pelos instrumentos mostraram alta similaridade com valor de p variando entre 0,97 e 1,0 nas duas posicoes. O coeficiente de correlacao dos indices da VFC foi perfeito (r = 1,0; p= 0,00) para todas as variaveis independentemente da posicao. O erro constante encontrado foi considerado pequeno, assim como o erro padrao de estimativa e os limites de concordancia entre os dados do ECG e APP. Enquanto isso, no teste de sensibilidade, aumentos do desgaste muscular (CK e LDH) e estresse percebido (RESTQ-Sport) apos o aumento das cargas de treino comprovaram a eficacia do protocolo de treinamento. Os indices parassimpaticos rMSSD, pNN50, HF e SD1 seguiram as ondulacoes das cargas de treinamento com reducao apos aumento das cargas de treinamento e aumento apos microciclo regenerativo. Conclusao: o aplicativo testado fornece excelente concordancia com o ECG, de modo que, pode substituir o ECG para qualquer analise de VFC em atletas corredores. E, reducao parassimpatica (rMSSD, pNN50, SD1, HF) sugerem que estes indices vagais da VFC podem ser marcadores sensiveis para detectar e monitorar desgaste e recuperacao promovidos pelas ondulacoes das cargas de treinamento nessa populacao.