Validação de Equações Antropométricas e de Impedância Bioelétrica Para a Estimativa da Composição Corporal em Idosos
Por Cassiano Ricardo Rech (Autor).
Em Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano v. 8, n 2, 2006. Da página 112 a -
Resumo
Evidências apontam que são poucas as informações sobre métodos válidos para a estimativa da composição corporal em idosos no Brasil. Desse modo, o objetivo deste estudo foi analisar a validade cruzada de equações antropométricas e de impedância bioelétrica (IB) para a estimativa da gordura corporal (%G) e da massa livre de gordura (MLG) em idosos. Fizeram parte da amostra 60 homens e 120 mulheres, com idade entre 60 e 81 anos. A medida-critério adotada foi a Absortometria de Radiológica de Dupla Energia (DEXA), por meio de obtida por meio de um “scan” de corpo inteiro, utilizando um aparelho LUNAR PRODIGY DF+ 14319 Radiation (Madison, WI), com um software versão 7.52.002 DPX-L. Foram mensuradas as variáveis antropométricas (massa corporal, estatura, perímetros corporais e espessura de dobras cutâneas), de IB (reactância e resistência). Para análise da IB, foi utilizado um analisador Tetrapolar Biodinamics (Modelo-BF310). Analisou-se a validade cruzada de 20 equações antropométricas e 8 equações de IB. Para as equações que estimam a densidade corporal, utilizaram-se a equação de Siri (1961) e a equação adaptada por Deurenberg et al., (1989) para conversão em %G. As análises foram realizadas no pacote estatístico SPSS versão 11.5 (p<0,05). Os critérios de validação cruzada sugeridos por Lohman (1992) e a análise gráfica das dispersões em relação ao erro médio, pelo método proposto por Bland e Altman (1986), foram utilizados. O %G médio foi de 23,1% (DP=5,8) nos homens e 37,3% (DP=6,9) nas mulheres, com uma variação entre 6% a 51,4%. As diferenças entre as estimativas das equações de conversão da densidade corporal em %G não foram significativas (p<0,05). As equações antropométricas generalizadas desenvolvidas por Tran e Weltman (1988) e Deurenberg et al., (1991) mostraram-se válidas para a estimativa do %G de homens idosos, apresentando um erro padrão de estimativa (EPE) entre 3,2% e 3,5% e uma correlação significativa r= 0,78 e r= 0,74, respectivamente, com a medida critério. Em relação ao grupo de mulheres idosas, foram válidas as equações antropométricas generalizadas de Durnin e Womersley (1974), Tran e Weltman (1988) e a equação específica de Gonçalves (2004). As mesmas apresentaram um EPE entre 3,26% e 3,50% , com um erro constante entre - 1,2% e 1,9%. Para a estimativa da MLG, as equações de Kyle et al., (2001), Dey et al., (2003) e Sun et al., (2003) não diferem estatisticamente da medida da DEXA em homens, tendo um erro constante entre - 0,7kg e 2,5kg. Já para mulheres, as equações de Kyle et al., (2001) e Dey et al., (2003) mostraram-se válidas (EC entre 0,3kg e 2,7kg). Em relação à análise das categorias de índice de massa corporal (IMC), as equações de Tran e Weltman (1988) e Durnin & Womersley (1974) superestimam o %G em homens com IMC<25kg/m2. O mesmo aconteceu com a equação de Gonçalves (2004) em mulheres idosas, demonstrando que nesses grupos específicos de idosos essas equação não são válidas para a estimativa do %G. As equações de IB válidas não foram influenciadas pelas categorias de IMC. Com isso, as equações validadas no presente estudo podem ser utilizadas na população de idosos nacionais.