Resumo

As experiências com atividade física na infância têm uma importante influência no comportamento durante a vida, pois é nessa fase que há maior suscetibilidade a alterações comportamentais e de adoção de hábitos de vida saudáveis que tendem a permanecer na idade adulta. Embora conhecida a enorme contribuição da prática da atividade física sobre a saúde, o seu estudo não é uma tarefa fácil. Por se tratar de uma variável importante na investigação em saúde, torna-se fundamental a sua aferição e indispensável no contexto da pesquisa epidemiológica, porém o instrumento utilizado nesses estudos deve ser validado para uso em grupos populacionais específicos. O objetivo deste estudo foi testar a validade do questionário de atividade física do Estudo Saúdes, realizado com crianças de 9 e 10 anos,
domiciliadas na região metropolitana de Vitória/ES. A amostra foi constituída por 107 crianças cujas mães ou cuidadoras responderam um questionário estruturado de atividade física. As crianças usaram o sensor de movimento pedômetro (DW-SW 701) por três dias consecutivos, após orientação sobre seu uso. Para comparação entre os métodos foram realizados os testes de correlação de Pearson e de concordância Kappa. A maioria das crianças era do sexo masculino (55,1%), estudante de escola pública (74,8%), eutróficas (57%), das classes socioeconômicas C e D (53,5%) e corda pele não branca (80,4%). Foram consideradas ativas 50,5% e 88,8% das crianças, segundo os métodos do pedômetro e questionário, respectivamente. O coeficiente de correlação de Pearson entre os métodos variou de 0, 20-0,27 (p<0,05). Na análise de concordância foi observado Kappa ponderado que variou de 0,17-0,28. Os resultados evidenciaram pobre correlação e razoável grau de concordância entre as variáveis do questionário e do pedômetro, porém significativas. Foi observada correlação negativa entre o tempo de tela e o número de passos obtido pelo sensor de movimento. Concluiu-se que o questionário do Estudo Saúdes, aqui validado, pode ser utilizado para avaliação da atividade física de crianças, pois apresentou capacidade para classificar relativamente os indivíduos em diferentes níveis de atividade física, sendo seu uso recomendado em estudos populacionais com crianças de características semelhantes.

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