Validade de uma balança de bioimpedância inteligente para a monitorização remota da composição corporal
Por Eduardo Teixeira (Autor), Bruno Silva (Autor), João Lemos (Autor), César Leão (Autor).
Em XIX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Ações de intervenção/monitorização remota, no âmbito da nutrição e exercício físico, implementadas através de consultas/treinos online, impulsionaram as avaliações da composição corporal (CC) por bioimpedância em balanças inteligentes (BIAi). As BIAi ligam-se a dispositivos móveis (smartphones/tablets) via Bluetooth, comunicando os dados recolhidos a um servidor, tornando-os automaticamente acessíveis via internet. Contudo, a sua utilização só será vantajosa se os dados da CC forem válidos, quando comparados com métodos de avaliação de referência. Objetivos: Avaliar a validade da BIAi Xiaomi-Mi-Body-Composition-Scale2 na medição de percentual de gordura (%G) e quantidade (Kg) de massa magra (MM) e massa óssea (MO) comparando os seus valores (médias±desvio padrão) com os de densitometria óssea de dupla energia (DXA). Metodologia: 38 estudantes (27 homens; 21,9±4,6 anos) realizaram BIAi e DXA no mesmo dia de manhã, em jejum, e em abstinência prévia de consumo de café e prática de exercício físico intenso. Os coeficientes de correlação intraclasse (ICC; intervalo de confiança de 95%) e o método Bland-Altman, avaliaram a correlação entre as medidas e a sua concordância, respetivamente. O viés de proporcionalidade entre os métodos (variáveis com concordância na diferença das médias) foi avaliado através de teste de regressão linear. Resultados: Os valores de %G, MM e MO da BIAi foram: 21,2±7,1%, 49±9Kg e 2,7±0,4kg; e da DXA: 22±7,4%, 47,7±10,2kg e 2,5±0,5kg, respetivamente. Os ICC mostram boa correlação (p<0,01) para a %G [0,82 (0,66-0,91)] e MO [0,88 (0,44-0,96) e excelente correlação (p<0,01) para MM [0,96 (0,92- 0,98)]. As diferenças médias entre os métodos para %G, MM e MO foram -0,75±5,7%, 1,38±3,6kg e 0,20±0,2kg, respetivamente. Foram encontradas diferenças nas diferenças médias de MM (p=0,02) e MO (p<0,01), mas nas de %G não (p=0,42), apesar de se verificar viés de proporcionalidade [(regressão linear (p<0,01)]. Conclusões: Os ICC entre a BIAi e DXA são bons para %G e MO, e excelentes para MM. Porém, analisando os valores de Bland-Altman, não existe concordância entre BIAi e DXA para MM e MO. Embora esta exista para %G, verifica-se um viés de proporcionalidade. Apesar das limitações casuísticas, os dados mostram que os resultados da CC desta BIAi devem ser analisados com precaução.