Resumo

Introdução. Para que sejam eficazes, os testes para a avaliação da performance e determinação de índices para prescrição das intensidades do treinamento devem ser válidos, confiáveis e específicos. Contudo, a simulação do movimento de patinação em ambiente laboratorial é cara e difícil de ser realizada, enquanto que a avaliação em ambiente externo dificulta o controle do protocolo e a mensuração das variáveis necessárias. A prescrição do exercício de patinação a partir de índices advindos de testes em cicloergômetro ou esteira de corrida não é apropriada. Objetivos. Investigar a reprodutibilidade e validade de dois protocolos incrementais máximos de patinação em slide board (SB) para determinar os índices fisiológicos aeróbios máximos e submáximos em patinadores. Método. Dez patinadores realizaram duas vezes (teste e reteste) um teste incremental máximo “curto” em SB, que teve início a uma cadência de 30 passos por minuto (ppm), aumentando três ppm a cada minuto. O mesmo grupo realizou um protocolo incremental em cicloergômetro com incremento de cadência. Um segundo grupo de dez patinadores realizou um teste incremental máximo “longo” em SB, iniciando a 30 ppm, com incremento de três ppm a cada três minutos. Este grupo realizou também o protocolo curto em SB e um protocolo concorrente em cicloergômetro com incremento de carga. Os patinadores foram classificados em dois grupos, de acordo com as características do treinamento: “competitivos” (treinamento estruturado acima de 6 horas semanais) e “recreacionais” (patinação livre de até 4 horas semanais). Os valores máximos e submáximos, relacionados ao ponto de deflexão da frequência cardíaca (PDFC), de consumo de oxigênio (VO2), ventilação (VE), troca respiratória (RER), frequência cardíaca (FC), percepção subjetiva de esforço (PSE), cadência (CAD), potência (P) e concentração de lactato ([Lac]), bem como o índice de rítmo (%R) no teste foram determinados. Para análise de reprodutibilidade e validade foram utilizados: o teste t de Student, o teste de correlação intraclasse (ICC), o erro típico de medida (ETM), o coeficiente de correlação de Pearson e os limites de concordância (95%LC). Os coeficientes das retas de regressão individuais da FC, VO2 e [Lac] foram comparados. Foi realizada uma análise de regressão múltipla para previsão do VO2max, utilizando o método de seleção stepwise. Resultados. Não foram encontradas diferenças significativas entre as variáveis durante o teste e o reteste em SB. Uma boa reprodutibilidade absoluta (ICC > 0,9) e relativa (ETM < 3,5%) foram encontrada para os valores de VO2max, FCmax, CADmax, CADPDFC e PSEPDFC. Altas correlações foram encontradas para a FCmax, CADmax, CADrelmax, CADPDFC , CADrelPDFC, VO2max e VO2PDFC entre os protocolo curto em SB e em cicloergômetro. A [Lac]max foi maior e a PSEPDFC menor no protocolo em cicloergômetro. Altas correlações foram encontradas para as variáveis Pmax, FCmax, FCOBLA, VO2OBLA, VO2max, VEmax, INTOBLA, POBLA e [Lac]OBLA entre os protocolos longo em SB e cicloergômetro, e somente os valores de REROBLA, VO2OBLA, e VEmax não mostraram diferenças. Os coeficientes de inclinação das retas de regressão da FC, VO2 e [Lac], não foram diferentes entre os protoclos. Foram encontradas correlações significativas para a maioria das variáveis máximas, e apenas para a FC submáxima, entre os protocolos curto e longo em SB. A CADmax explicou 50% do VO2max obtido no protocolo curto em SB, enquanto que o %R mostrou forte correlação com a CADmax. O grupo de patinadores competitivos apresentou maior VO2max, CADmax, Pmax, Pmaxrel, VO2LV2, PrelLV2 e %R comparado ao grupo recreacional. Conclusões. Os resultados indicam que o protocolo curto em SB mostrou ser reprodutível e válido para determinar os índices fisiológicos máximos e submáximos, associados à performance aeróbia de patinadores, quando comparado com um protocolo similar em cicloergômetro, também com incrementos de cadência. O protocolo longo em SB apresentou respostas fisiológicas similares e correlacionadas àquelas encontradas em cicloergômetro, apontando mais uma vez a validade do teste em SB para mensurar os índices aeróbios de maneira confiável. Contudo, as diferenças encontradas nos valores absolutos de algumas variáveis confirmam a particularidade fisiológica do exercício simulado de patinação e o uso inapropriado de testes em cicloergômetro para avaliação de patinadores.

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