Resumo

Contextualização: A avaliação estática do pé auxilia na identificação de fatores etiológicos relacionados a lesões e na decisão sobre a abordagem terapêutica. Essa avaliação é importante, tanto na pesquisa científica quanto na prática clínica, uma vez que dores e lesões nos pés são ocorrências comuns que causam impacto na qualidade de vida das pessoas. Existem diversos métodos para a avaliação dos pés, sendo as medidas radiológicas preconizadas como o padrão-ouro. Como a radiografia é um exame que expõe o indivíduo à radiação ionizante, é desejável ter um método clínico que seja acessível, salubre, confiável e válido. Nesse sentido, a fotogrametria computadorizada é uma opção, embora ainda careça de validação para avaliação dos pés. Por essa razão, a presente dissertação objetiva avaliar as propriedades métricas (1) de métodos de avaliação do alinhamento do retropé, no plano frontal de costas, e (2) de métodos de avaliação da altura do arco longitudinal medial, no plano sagital, em fotogrametria. Visando atingir esses objetivos, foram realizados três estudos que compreenderam os capítulos dessa dissertação. O Capítulo 1 é uma revisão sistemática da literatura que teve o objetivo de meta-analisar a reprodutibilidade intra e interavaliador do ângulo tibiocalcâneo e do ângulo calcâneo – primeiro metatarso em radiografias, bem como estimar os valores de referência em adultos para essas medidas. Como desfecho, as metanálises de ambos os ângulos demonstraram reprodutibilidades adequadas e estimaram o valor de referência do ângulo calcâneo – primeiro metatarso em adultos. A partir dos desfechos do capítulo 1, definiram-se os métodos em radiografia que representaram o padrão-ouro do capítulo 2 do capítulo 3. Assim, o objetivo da pesquisa original do Capítulo 2 foi analisar a validade concorrente, a acurácia diagnóstica e as reprodutibilidades intra e interavaliador da mensuração do ângulo tibiocalcâneo na avaliação do alinhamento estático do retropé, no plano frontal, em fotogrametria, em adultos saudáveis. De forma consecutiva, 89 adultos saudáveis foram submetidos à avaliação da postura do retropé, através de radiografias e fotografias no plano frontal de costas. Observou-se que o método proposto de mensuração do ângulo tibiocalcâneo em fotogrametria apresenta boa/excelente validade concorrente, excelente concordância com o padrão-ouro, pequeno Erro RMS, excelente acurácia diagnóstica na identificação da presença de varismo ou valgismo na postura do retropé no plano frontal, além de boa reprodutibilidade interavaliador e excelente reprodutibilidade intra-avaliador. Por fim, a pesquisa original do Capítulo 3 desdobra-se em dois objetivos: (1) avaliar a validade concorrente e acurácia diagnóstica do ângulo do arco longitudinal medial e do índice do arco, no plano sagital, em fotogrametria, em adultos saudáveis; e (2) avaliar a viabilidade de predição do ângulo do arco longitudinal medial através do índice de altura do arco medial. De forma consecutiva, 43 adultos saudáveis foram submetidos à avaliação do ângulo do arco longitudinal medial e do índice da altura do arco do pé direito, através de radiografias e fotografias no plano sagital. Verificou-se que a correlação ângulo do arco longitudinal medial entre a radiografia e a fotogrametria foi moderada, enquanto a correlação do índice da altura do arco truncado e do índice da altura do arco total foi boa/excelente. A mensuração, na fotogrametria, dos índices da altura do arco apresenta validade concorrente, Erro RMS adequado, além de ser capaz de diagnosticar a presença de pé plano e pé cavo. Porém, não é viável a predição do ângulo do arco longitudinal medial a partir da fotogrametria. Conclusões: Considerando que ângulo tibiocalcâneo, no plano frontal, apresenta validade concorrente, acurácia diagnóstica e reprodutibilidades adequadas em fotogrametria, essa medida configura uma excelente opção para compor a avaliação clínica da postura do retropé. Em relação aos índices da altura do arco longitudinal medial, mensurados no plano sagital em fotogrametria, confirmamos apenas a validade concorrente e acurácia diagnóstica adequada e, portanto, devem ser utilizados com cautela na avaliação do arco longitudinal medial.

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