Resumo

Os indivíduos infectados pela COVID-19, podem apresentar sequelas em diferentes sistemas, como no sistema nervoso autônomo, respiratório e cardiovascular. As alterações relacionadas a modulação autonômica do sistema cardiovascular ainda são pouco compreendidas pela ciência. Deste modo, uma das principais formas de se avaliar essas respostas é por meio da variabilidade da frequência cardíaca (VFC). OBJETIVO: Analisar o efeito de uma intervenção multiprofissional na variabilidade da frequência cardíaca, em indivíduos com excesso de peso pós infecção da COVID-19. MÉTODOS: Devido a não recomendação de um braço controle (eticamente), foram incluídos 42 indivíduos infectados pela COVID-19 entre Set/2020-2021 com sobrepeso e obesidade (52,5 ± 12,6 anos, IMC: 30,7±5,4 kg/m2; Fem%: 45,2%; 26.1% hipertensos, 23.8% dislipidêmicos e 9,5% diabéticos), divididos em 3 grupos (leve, moderado e severo - OMS), avaliados durante16 semanas de intervenção multiprofissional (reeducação alimentar + psicoeducação + treinamento concorrente) iniciando em Mar/2022. Todos os grupos receberam o mesmo tipo de intervenção: treinamento concorrente (2 x sem, 10 exercícios, 3 x 10-15 rep + exercícios aeróbios) associado a intervenção de reeducação alimentar (1 x sem) e a psicoeducação (1 x sem) em grupos. Pré e pós intervenção foram avaliados os seguintes parâmetros: composição corporal via bioimpedância elétrica e taxa metabólica basal (TMB) (InBody 570®); VFC (24h sem ex fis, manhã, 21C, 15 min mensurados, 5 min descartados, RS800, Polar®). Os grupos e momentos foram analisados via análise de variância (ANOVA twoway), seguida do pós teste de Bonferroni, assumindo a significância de 5%. O projeto foi aprovado no CEP local (4.546.726) registrado no REBEC (RBR-4mxg57b). RESULTADOS: Verificou-se um efeito apenas de momento para as seguintes variáveis: entropia aproximada (ANPEM) (F = 12,6; p<0,001) e entropia da amostra (SAMPEN) (F = 13,0; p<0,002), observando uma redução específica nas médias gerais dos grupos moderado (ANPEM, 10,5 ± 3,1 vs. 6,9 ± 5,4 UA; p<0,05, SAMPEN, 17,3 ± 2,8 vs. 11,0 ± 8.6 UA, p<0,05) e grave (ANPEM, 11,5 ± 0,63 vs 6,1 ± 5,5 UA; p<0,05, SAMPEN, 17,1 ± 2,4 vs. 9,3 ± 7,4 UA; p<0,05) após o período de intervenção. Entretanto, o modelo quando ajustado pelas doenças crônicas não apresentou modificações. CONCLUSÃO: A intervenção multiprofissional de 16 semanas aprimorou as respostas dos índices ANPEM e SAMPEN reduzindo de forma geral a entropia para os grupos.