Variabilidade da frequência cardíaca de muito curta duração como avaliadora da carga interna em jovens nadadores
Por João Rodrigues (Autor), André Vaz (Autor), Luís Rama (Autor).
Em XIX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
Nos últimos anos a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) tem sido amplamente usada como objeto de monitorização da carga interna nos mais variados desportos. Diferentes métodos e formas de análise têm sido publicados com resultados heterógeneos. Com este estudo pretendemos 1) avaliar a fiabilidade das análises de muito curta duração (1 minuto) relativamente às análises de curta duração (5 minutos) e 2) avaliar a capacidade das análises de muito curta duração em demonstrar adaptações à carga de treino. Metodologia: A amostra deste estudo foi composta por 11 jovens nadadores, 8 masculinos (12,60 ± 0,42 anos) e 3 femininos (12,40 ± 0,29 anos) de um mesmo clube e todos sob a orientação do mesmo treinador. Durante 21 sessões de treino foram recolhidos os dados para análise do domínio temporal da VFC (LnRMSSD), imediatamente antes (PRE) e depois (POS) de cada sessão. A carga de treino externa de cada atleta, em volume (VOL) e intensidade (unidades arbitrárias de carga: UAC), foi obtida através dos dados do treinador. Foi realizado o teste de Wilcoxon para as análises de comparação entre tempos de recolha e foi utilizado o coeficiente de Spearman para as análises de correlação entre a LnRMSSD e a carga de treino. Resultados: A comparação entre o tempo de recolha de 1 minuto (LnRMSSD1) e 5 minutos (LnRMSSD5) não revelou diferenças estatisticamente significativas no período PRE. Relativamente à correlação entre carga de treino e VFC, o VOL não demonstrou valores significativos quando correlacionado à LnRMSSD1 POS, à LnRMSSD1 PRE do dia seguinte nem à diferença entre LnRMSSD1 POS e LnRMSSD1 PRE. Por sua vez, as UAC demonstraram valores significativos em todas as formas de análise: LnRMSSD1 POS (-0,193, p=0,005), LnRMSSD1 PRE do dia seguinte (0,172, p=0,029) e diferença entre LnRMSSD1 POS e LnRMSSD1 PRE (-0,219, p=0,001). Conclusões: As recolhas em descanso de muito curta duração (LnRMSSD1) são fiáveis relativamente às recolhas de curta duração (LnRMSSD5) nesta população. A LnRMSSD1, em várias formas de análise, revela adaptações correlacionadas à intensidade do treino mas não ao volume do treino.