Resumo

Nos últimos anos a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) tem sido amplamente usada como objeto de monitorização da carga interna nos mais variados desportos. Diferentes métodos e formas de análise têm sido publicados com resultados heterógeneos. Com este estudo pretendemos 1) avaliar a fiabilidade das análises de muito curta duração (1 minuto) relativamente às análises de curta duração (5 minutos) e 2) avaliar a capacidade das análises de muito curta duração em demonstrar adaptações à carga de treino. Metodologia: A amostra deste estudo foi composta por 11 jovens nadadores, 8 masculinos (12,60 ± 0,42 anos) e 3 femininos (12,40 ± 0,29 anos) de um mesmo clube e todos sob a orientação do mesmo treinador. Durante 21 sessões de treino foram recolhidos os dados para análise do domínio temporal da VFC (LnRMSSD), imediatamente antes (PRE) e depois (POS) de cada sessão. A carga de treino externa de cada atleta, em volume (VOL) e intensidade (unidades arbitrárias de carga: UAC), foi obtida através dos dados do treinador. Foi realizado o teste de Wilcoxon para as análises de comparação entre tempos de recolha e foi utilizado o coeficiente de Spearman para as análises de correlação entre a LnRMSSD e a carga de treino. Resultados: A comparação entre o tempo de recolha de 1 minuto (LnRMSSD1) e 5 minutos (LnRMSSD5) não revelou diferenças estatisticamente significativas no período PRE. Relativamente à correlação entre carga de treino e VFC, o VOL não demonstrou valores significativos quando correlacionado à LnRMSSD1 POS, à LnRMSSD1 PRE do dia seguinte nem à diferença entre LnRMSSD1 POS e LnRMSSD1 PRE. Por sua vez, as UAC demonstraram valores significativos em todas as formas de análise: LnRMSSD1 POS (-0,193, p=0,005), LnRMSSD1 PRE do dia seguinte (0,172, p=0,029) e diferença entre LnRMSSD1 POS e LnRMSSD1 PRE (-0,219, p=0,001). Conclusões: As recolhas em descanso de muito curta duração (LnRMSSD1) são fiáveis relativamente às recolhas de curta duração (LnRMSSD5) nesta população. A LnRMSSD1, em várias formas de análise, revela adaptações correlacionadas à intensidade do treino mas não ao volume do treino.

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