Resumo

O trabalho em turnos atinge de 15 a 20% da força de trabalho em países industrializados e tem sido associado com o aumento da incidência de doenças cardiovasculares. Ainda não está claro, mas a dessincronização dos ritmos circadianos do sistema nervoso autônomo cardíaco poderia explicar este fenômeno. Uma ferramenta não?invasiva para avaliar a atividade do sistema nervoso autônomo (SNA) é análise dos componentes temporais e espectrais da variabilidade da freqüência cardíaca (VFC), calculados a partir de um registro eletrocardiográfico de 24 horas. O objetivo deste trabalho foi analisar estes componentes em 32 enfermeiras saudáveis de um hospital universitário, engajadas em turnos fixos de trabalho (idade média de 35,62 ± 6,17 anos). As voluntárias foram divididas em três grupos de acordo com o horário de trabalho: matutino (7 às 13 h), vespertino (13 ás 19h) e noturno (19 ás 7 h) e submetidas a avaliação clínica, fisioterápica e funcional cardiorespiratória. Foram levantados dados relativos ao tempo de exposição, aos hábitos pessoais (atividade física e etilismo), histórico de doenças dos progenitores e antecedentes menstruais. Além disso, foi realizado um exame clínico com aferição dos sinais vitais de repouso (freqüências cardíaca e respiratória e a pressão arterial) e com coleta de amostras de sangue para caracterização de perfil lipídico. Na avaliação fisioterápica foram mensuradas as variáveis antropométricas de peso, estatura, índice de massa corpórea (IMC), índice cintura-quadril (ICQ) e percentual de gordura corporal. A avaliação funcional cardiorespiratória constou de teste ergométrico máximo e eletrocardiografia dinâmica de 24 horas sendo que grupos de turnos diurnos (matutino e vespertino) foram monitorizados apenas num dia de trabalho e o grupo noturno em um dia de trabalho e em um dia de descanso. Nos resultados da análise da VFC e comparando os três grupos, o comportamento dos componentes simpático e vagal foi fisiológico, sem diferença estatística significativa. Porém, as voluntárias de turno noturno apresentaram maiores valores de idade, tempo de exposição, maiores valores de peso, IMC, ICQ e percentual de gordura corporal, fatores que podem interferir nos resultados obtidos tanto no teste ergométrico, quanto na eletrocardiografia dinâmica de 24 horas. Ainda assim, observou-se que os dados do grupo noturno, comparando-se dia de trabalho e de descanso, sugerem uma alteração no controle autonômico cardíaco 

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