Variação da Frequência Cardíaca na Transição Repouso-esforço em Obesos Treinados em Musculação X Obesos Não Treinados em Musculação
Por Ingrid Lana Hernandes Bonfim (Autor), Claudia Aparecida Fernandes (Autor), Leonardo Cazelato (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: O sistema nervoso autônomo (SNA) atua na regulação da frequência cardíaca (FC) por meio das ramificações simpáticas e parassimpáticas. Em condições normais, o incremento da atividade simpática e redução parassimpática causam aumento da FC, enquanto o predomínio da atividade parassimpática é responsável pela diminuição da FC. Indivíduos obesos apresentam maior risco para doenças cardiovasculares, pois se observa maior atividade simpática cardíaca em relação aos indivíduos eutróficos, consequência de um perfil metabólico alterado, além de uma variedade de adaptações na estrutura e função cardíaca que podem afetar a atividade autonômica cardíaca. A magnitude da variação da FC na transição repouso-esforço está relacionada com a integridade da modulação parassimpática do SNA, uma vez que as respostas da FC nos segundos iniciais do esforço são decorrentes da retirada do tônus vagal sobre o SNA. A prática do exercício aeróbio está relacionada com uma maior atuação parassimpática sobre o nodo sinusal, o que reflete em menores riscos cardiovasculares, no entanto, permanece inconclusivo o efeito da prática do exercício resistido sobre a modulação autonômica cardíaca. Assim sendo, entender como a musculação interfere na modulação autonômica cardíaca torna-se importante para um melhor ajuste da prescrição de exercícios de força.
Objetivo: Avaliar as respostas da FC na transição repouso-esforço no teste de preensão manual em indivíduos obesos treinados em musculação e obesos não treinados em musculação e comparar a magnitude da variação da FC nessas diferentes populações. Materiais e Métodos: A amostra foi composta por 13 indivíduos, de ambos os sexos, com idades entre 20 e 41 anos, onde sete indivíduos eram obesos não treinados em musculação (GC) e seis eram obesos treinados em musculação (GT). A obesidade foi determinada pelo índice de massa corporal (IMC) maior que 30 kg/m2, e o teste de preensão manual com dinamômetro eletrônico (E.Clear modelo: EH101) foi utilizado para avaliação da variação da FC na transição repouso-esforço, que foi registrada e gravada por um monitor cardíaco (Polar RS800CX). Antes do teste, os avaliados permaneceram em repouso durante 5 minutos para detecção da FC de repouso e o teste teve duração de 10 segundos, onde os avaliados foram orientados a realizar força máxima de preensão manual no dinamômetro. Foram registrados os valores de FC nos momentos: repouso pré-esforço (média da FC nos 30 segundos precedentes ao teste) e esforço físico (pico da FC no teste) e calculado a variação da FC a partir da diferença entre os dois momentos. Foram realizados testes estatísticos (teste de Wilcoxon) para constatar diferenças significantes na variação da FC entre os GC e GT. Os dados foram analisados no Programa GrafhPad Prism(versão 6.0). Resultados: O GT apresentou uma variação da FC de 33,33 bpm, enquanto o GC apresentou uma variação de 24,29 bpm, diferença estatisticamente não significante (p=0,099). Os valores de FC de repouso e FC de pico de ambos os grupos são demonstrados na Figura 1. Conclusão: A prática de musculação não interferiu significativamente nos mecanismos autonômicos cardiovasculares entre os obesos treinados e não treinados em musculação, quando se comparou a variação da FC no teste de preensão manual.