Variação decenal dos níveis de atividade física avaliada por acelerometria: estudo em adolescentes escolares femininos
Por Luísa Mesquita (Autor), Aristides Machado-Rodrigues (Autor), Jorge Maurício Celis (Autor), Raúl Martins (Autor).
Em XIX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa
Resumo
A atividade física (AF) é essencial aos processos de crescimento e desenvolvimento, estabelecendo uma relação com o estado global de saúde. Naturalmente, as crianças e jovens são expostas a recomendações para acumularem diariamente um volume mínimo da porção moderada e vigorosa (AFMV). A literatura aponta a adolescência como período crítico no declínio de AFMV acentuando as diferenças entre sexos. O presente estudo avaliou raparigas em idade escolar em duas décadas (2008, 2018), descrevendo a prevalência que acumulam pelo menos 60 minutos diários de AFMV. Métodos: A amostra é composta por 573 adolescentes femininos com idades entre os 10 e 18 anos a frequentarem estabelecimentos de ensino (2008, n=314; 2018, n= 259). O tempo de AFMV e de comportamento sedentário foram medidos por acelerometria uniaxial (GT1M) durante 5 dias consecutivos com recurso à equação de Freedson et al. (2005). Resultados: Na primeira série de dados (2008) o comportamento sedentário flutua entre 690-726 minutos. dia-1, sendo os valores encontrados similares aos de 2018 similares (684-709 minutos.dia-1). A prevalência de jovens que alcançam 60 minutos-dia-1 em AFMV, foi 38.2% e 41.3%, respetivamente em 2008 e 2018. Por grupo etário a variação aos 10-12 anos registou um incremento de 68% (2008) e 83% (2018). No grupo imediatamente mais velho as prevalências são negligenciáveis (2008: 42.6%; 2018: 40.7%), tornando-se residuais aos 16-18 anos (<2.0%) sem substancial variação decenal. Conclusão: O presente estudo revela, globalmente, níveis baixos de AFMV entre os jovens da Região Centro nas primeiras décadas do século XXI. Contudo, não confirma o declínio geracional dos níveis de AFMV. Adicionalmente, a segunda década de vida persiste como período merecedor de políticas dirigidas ao sexo feminino para mitigar o comportamento sedentário e promover os minutos diários acumulados de AFMV associados à idade. Apesar de tudo, a geração mais jovem na amostra mais recente apresentou a prevalência mais elevadas de jovens fisicamente ativas