Resumo

O objetivo deste estudo foi identificar as características morfofisiológicas dos atletas brasileiros de mountain bike (MTB), com determinação da demanda fisiológica imposta ao organismo durante as competições de cross-country (XC) e variáveis associadas à performance. Foram selecionados 14 mountain bikers que disputam campeonatos estaduais e nacionais (26,1 ± 6,5 anos; 68,4 ± 5,7 kg; 175,3 ± 4,3 cm; 5,8 ± 1,7 %G; 8,6 ± 4,6 anos de treinamento), que competem em diferentes categorias: elite (n=6), júnior (n=1), sub 23 (n=3), sub 30 (n=1) e máster (n=3). Primeiramente, os participantes foram submetidos ao teste de Wingate (TW), com carga fixa correspondente a 10% da massa corporal (CEFISE®, 1800). Após intervalo mínimo de 30 min., foi realizado o protocolo de cargas progressivas (PCP) no ciclo-simulador (CompuTrainer TM RacerMate® 8000, Seattle WA), com carga inicial de 100 W e incremento de 30 W a cada 3 min. até a exaustão. Durante o PCP, foram identificadas a FC (Polar® Vantage NV e S610i), o VO2 (Aerosport KB1-C), [La] (Yellow Springs ®1500) e PSE – 10 pontos (Borg et al, 1982). LL1 foi identificado a partir da relação entre o menor valor equivalente [La]/W e para LL2, acrescenta-se o valor fixo de 1,5 mmol.l-1 (Berg et al., 1990). Os domínios fisiológicos foram identificados a partir do modelo teórico de Gaesser e Poole, (1996): abaixo de LL1 (moderado), entre LL1 e LL2 (intenso), acima de LL2 (severo). Após intervalo mínimo de quatro dias, os atletas da categoria elite, foram monitorados através do registro da FC, durante a etapa brasileira da Copa do Mundo de XC. Após duas semanas, todos os participantes foram avaliados no Campeonato Brasileiro de XC. Os resultados indicam que os atletas apresentam características morfológicas semelhantes aos atletas internacionais, sendo que as variáveis fisiológicas são menores, exceto o VO2máx e VO2máx.kg-1. O comportamento da FC durante as competições de XC, indica que os valores médios da FC estão entre 91 e 92 % de FCmáx, sendo que grande parte das provas é predominantemente disputada no domínio fisiológico severo (~ 90% do tempo total). A Wmáx.kg-1 e Wmáx.kg-0,79 foram associadas significativamente com a performance nas duas competições e apenas a WLL2.kg-0,79 na Copa do Mundo de XC. Assim, percebe-se que as competições de XC exigem demanda fisiológica elevada, sendo disputadas predominantemente no domínio fisiológico severo, próximo à potência aeróbia máxima. Em adição, as variáveis fisiológicas associadas com a performance destacam-se quando normalizadas por alometria. Desta forma, para que os atletas tenham um bom desempenho durante as competições de XC, sugere-se o treinamento da potência e capacidade, aeróbia e anaeróbia.