Resumo

Nesse trabalho me propus a compreender o que significa e como se vivencia a velhice dentro do Centro de Esporte, Lazer e Recreação do Idoso (CELARI), localizado na Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre (RS). A partir de uma incursão etnográfica (observação participante; entrevistas; análise de documentos) desenvolvida de abril a dezembro de 2011, compartilhei, com os participantes, diversos momentos de convívio, como oficinas de atividades físicas, atividades sociais, reuniões, passeios, e outras situações de convivência. Após esse longo período de produção de dados, examinei o material obtido, desenvolvi categorias de análise e cheguei a interpretações que foram apresentadas em diferentes tópicos/aspectos/temáticas que me ajudaram a responder às perguntas do estudo, e que se relacionaram: ao sentimento de pertencimento; às perspectivas de corpo e saúde presentes naquele contexto; e às lógicas de sociabilidade que sustentavam as dinâmicas sociais daquele universo. Sobre pertencimento, compreendi que vivenciar a velhice no CELARI significa compartilhar um ambiente predominantemente feminino onde o sentimento de pertencer permeia as relações cotidianas. Observei que a concepção de saúde dos idosos ultrapassa a condição biológica e se relaciona com felicidade, divertimento e sentir-se bem naquele contexto. Pude perceber que a preocupação com o corpo e com a boa forma são aspectos que atravessam o processo de envelhecimento. Porém, se essa preocupação se vincula predominantemente a uma dimensão utilitária do corpo (saúde biológica; autonomia), ela também se relaciona com a busca por um corpo bonito, o qual também faz parte dos objetivos dos participantes. O CELARI é, então, um espaço que viabiliza diversas formas de sociabilidade e de interação entre os participantes, onde as trocas afetivas costuram as relações cotidianas e, por vezes, sustentam a participação no projeto.

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