Vinte Anos de Iniciação Esportiva Universal: o Conceito de Jogar Para Aprender e Aprender Jogando, Um Pedagógico Abc-d

Por Schelyne Ribas (Autor), Layla Maria Campos Aburachid (Autor),

Parte de Treinamento Esportivo: Um Olhar Multidisciplinar . páginas 43

Resumo

A revolução dos modelos de ensino-aprendizagem na década de 70-80

No início dos anos oitenta, uma publicação revolucionou a concepção pedagógica do ensino das modalidades esportivas. Repensar os métodos de ensino-aprendizagem se constituía no ‘leitmotiv’ (motivo condutor) apresentado por Bunker e Thorpe (1982), denominado de TeachingG ames for Understanding (TGfU) (traduzido livremente como ‘ensino do jogo pela compreensão’) que se consolida com o texto de Almond (1986). Concretamente, se propõe a passagem de um pensamento de ensino cen- trado na tarefa (método analítico), para um centrado no aluno (HOPPER, 2002), de uma progressão da tática para a técnica (BUNKER; THORPE, 1982; GRIFFIN; MITCHELL; OSLIN, 1997; ALMOND, 1986), de uma ênfase (vital diferença) na compreensão tática TGfU, partir da compreensão (conhecimento tático declarativo), para a projeção de dois aspectos centrais, conforme destaca Almond (2015): os conceitos de ‘compreensão do jogo’ (por exemplo, como trabalhar em equipe e pela equipe), e de ‘compreensão no jogo’ (por exemplo, a necessidade de aprender a superar os adversários, entre outros). A ação do professor objetiva questionar, demandar do aluno via análise da situação de jogo a relação entre ‘o que fazer’, ‘por que’ e poste- riormente ‘como fazer’. O TGfU evidencia-se como concepção mais ampla que simplesmente focar na tática, relaciona-se com a necessária percepção do educador relativa às dificuldades do aluno para, não somente compreender, mas também realizar, e demostrar seu conhecimento, via desempenho no jogo. O TGfU assume função social, via interação no grupo e da compreen- são do esporte como meio de aprender. No TGfU o aprendiz resulta cons- trutor ativo da própria aprendizagem. O conceito original do ensino pela compreensão se espalhou pelo mundo, emergiram adaptações e modificações que, apoiadas na matriz inicial, apresentam diversas interpretações e harmo- nizações a questões culturais, etc. Entre estas propostas se destacam: o Game Sense (DEN DUYN, 1997), o Tactical Games Model (METZLER, 2000), o Play Practice (LAUNDER, 2001; LAUNDER; PILTZ, 2013), o Tactical- decision Learning Model (GRÉHAIGNE; WALLIAN; GODBOUT, 2005), o Invasion Games Competence Model (TALLIR et al., 2007), o Games Concept Approach (MCNEILL et al., 2004), o Modelo da Educação Desportiva (SIEDENTOP, 1987; 1994; 1998; HASTIE; SMITH, 2006), o Modelo Desenvolvimentista (RINK; FRENCH; TJEERDSMA, 1996), o Modelo da Competência nos Jogos de Invasão (MUSCH; MERTENS, 1991) e o Modelo Integrado (FRENCH et al., 1996). Em português, observam-se a proposta de ‘Abordagem Progressiva no Voleibol’ (MESQUITA et al., 2013) e a ‘Metodologia do Ensino dos Esportes Coletivos’ (GONZALEZ; BRACHT, 2012). O TGfU e o Modelo da Educação Desportiva foram as propostas que (timidamente) se divulgaram no Brasil. Ambas enfatizam a importância da sequência dos conteúdos com objetivo de engajar o prati- cante, sua adesão, para melhoria da sua cultura esportiva e das suas práxis (METZLER, 2000). Ambas propostas se norteiam acentuadamente para alunos a partir aproximadamente dos 12 anos de idade.