Resumo

A violência escolar é um fenômeno que ocorre nas escolas e de forma ímpar nas aulas de Educação Física, devido às particularidades dessa disciplina. Para lidar com essa questão, nos últimos anos, surgiram diversas propostas governamentais relacionadas a essa forma de violência. A exemplo dessas ações, temos a Lei federal nº 13.185/2015, sobre Intimidação Sistemática ou Bullying; o projeto do governo estadual paulista sobre os(as) professores(as) mediadores(as) escolares e comunitários; o projeto Escola da Família, além de outras ações pontuais, como ações da gestão escolar para tratar do tema. Mas como essas leis e políticas públicas se aplicam à realidade docente? Quais formas tomam no trato pedagógico diário? Qual é a visão dos(as) docentes sobre essas políticas? Para responder a essas questões, este trabalho traz à luz a relação de apropriação das políticas públicas e legislações relacionadas à violência escolar por parte de docentes da rede estadual paulista de Educação Física, especificamente em escolas estaduais das diretorias Leste e Oeste de Campinas, observando como essas ações estão inseridas em seus trabalhos pedagógico, a partir da visão do(a) próprio(a) docente. Inicialmente, desenvolvemos uma revisão da literatura sobre violência escolar e como ela se insere especificamente nas aulas de Educação Física e discutimos as políticas públicas relacionadas ao tema. Também realizamos uma pesquisa qualitativa, através da aplicação de um questionário a docentes da disciplina de Educação Física, com questões que visavam analisar o conhecimento desses(as) professores(as) sobre a violência em sua realidade escolar e como lidam com as políticas públicas sobre o tema em sua profissão. Nossos resultados apontam que o grupo docente participante da pesquisa não conhece com profundidade os programas e políticas públicas voltados à violência escolar, pois a implementação dessas ações dificilmente ocorre em conjunto com a docência. Elas são geralmente impostas hierarquicamente, sem considerar as demandas dos(as) professores(as), profissionais que se encontram na linha de frente escolar e que, portanto, seriam os mais indicados para contribuir com sugestões que minimizariam os conflitos e a violência na escola. A reflexão gerada por esta pesquisa contribui para evidenciar, a partir da perspectiva dos(as) próprios(as) docentes, como essas políticas chegam a eles e se realmente funcionam como uma ferramenta pedagógica para reduzir as situações de violência escolar nas aulas de Educação Física. Nossos resultados também podem gerar subsídios importantes para que novas ações sejam implementadas, de modo a atender a demanda dos(as) professores(as).

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