Resumo

Nosso objetivo no presente trabalho foi refletir sobre a violência de gênero no contexto escolar. Pautados na premissa da construção social do corpo, realizamos uma pesquisa bibliográfica para investigar o atual cenário heteronormativo presente nas escolas, que gera intolerância, muitas vezes por falta de conhecimento, pensamento crítico, e empatia por parte das/os professoras/es, como apontam os estudos. Tal situação tem gerado casos de evasão escolar de alunas/os, e até mesmo suicídios, provocados por agressões veladas e/ou diretas e insistentes, como o bullying homofóbico, o que nos leva ao reconhecimento da urgência de exploração de estudos sobre a temática. Bourdieu (1995) coloca que o mundo social interfere no processo de construção dos corpos por meio da manutenção cultural que imprime aos indivíduos um programa de percepção, apreciação e ação, em um processo de naturalização das diferenças socialmente construídas, inscritas no biológico, e legitimadoras de uma relação de dominação. Entendemos gênero como “a construção social que uma dada cultura estabelece ou elege” (SOUZA E ALTMAN, 1999, p.53). A escola, como parte integrante da sociedade, reproduz os padrões e os preconceitos sociais vigentes. Estudos mostram um silenciamento sobre a questão por parte da instituição escolar, o que leva a um agravamento do quadro, pois as/os estudantes que não se incluem no padrão heteronormativo acabam por sentir-se excluídas/os, percebendo-se ainda mais violentadas/os pela impossibilidade de manifestar-se como realmente são. Evita-se tratar do assunto, muitas vezes por desconhecimento sobre a forma de agir. Entendemos que os padrões limitam as possibilidades de viver e, além de cercear vivências e experiências sexuais, justificam injúrias e agressões. Exemplo disso são certos “privilégios” vividos na sociedade e também na escola, que absolvem atitudes desrespeitosas dos meninos e prontamente responsabilizam as meninas, por causa de suas roupas ou comportamentos tidos como desviantes. Diante do exposto, notamos como são indispensáveis os estudos da  violência de gênero na escola.