Violência, Gênero e Escola
Por Ivan G. Lima (Autor), Raquel L. Cabral (Autor), Daiani L. Maciel (Autor), Lucas W. M. Silva (Autor), Paulo V. B. Mattosinho (Autor), Elaine Prodócimo (Autor).
Resumo
Nosso objetivo no presente trabalho foi refletir sobre a violência de gênero no contexto escolar. Pautados na premissa da construção social do corpo, realizamos uma pesquisa bibliográfica para investigar o atual cenário heteronormativo presente nas escolas, que gera intolerância, muitas vezes por falta de conhecimento, pensamento crítico, e empatia por parte das/os professoras/es, como apontam os estudos. Tal situação tem gerado casos de evasão escolar de alunas/os, e até mesmo suicídios, provocados por agressões veladas e/ou diretas e insistentes, como o bullying homofóbico, o que nos leva ao reconhecimento da urgência de exploração de estudos sobre a temática. Bourdieu (1995) coloca que o mundo social interfere no processo de construção dos corpos por meio da manutenção cultural que imprime aos indivíduos um programa de percepção, apreciação e ação, em um processo de naturalização das diferenças socialmente construídas, inscritas no biológico, e legitimadoras de uma relação de dominação. Entendemos gênero como “a construção social que uma dada cultura estabelece ou elege” (SOUZA E ALTMAN, 1999, p.53). A escola, como parte integrante da sociedade, reproduz os padrões e os preconceitos sociais vigentes. Estudos mostram um silenciamento sobre a questão por parte da instituição escolar, o que leva a um agravamento do quadro, pois as/os estudantes que não se incluem no padrão heteronormativo acabam por sentir-se excluídas/os, percebendo-se ainda mais violentadas/os pela impossibilidade de manifestar-se como realmente são. Evita-se tratar do assunto, muitas vezes por desconhecimento sobre a forma de agir. Entendemos que os padrões limitam as possibilidades de viver e, além de cercear vivências e experiências sexuais, justificam injúrias e agressões. Exemplo disso são certos “privilégios” vividos na sociedade e também na escola, que absolvem atitudes desrespeitosas dos meninos e prontamente responsabilizam as meninas, por causa de suas roupas ou comportamentos tidos como desviantes. Diante do exposto, notamos como são indispensáveis os estudos da violência de gênero na escola.