Resumo

Nosso objetivo foi abordar a temática da comunicação, junto a um grupo de gestores e docentes de uma escola da rede estadual, em Campinas, onde o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Violências (GEPEVS) vem realizando uma proposta de intervenção e formação de professores, a partir de práticas corporais, que tem como foco analisar e repensar o contexto de indisciplina, conflito e violência que vive a comunidade escolar. Partimos do pressuposto que uma das causas da violência é o “ruído” presente na comunicação. Como afirmam Colombier, Mangel e Perdriault (1989, p.68) “A violência nasce da palavra emparedada”, ou seja, no desprezo pela fala do outro e na falta do diálogo. Assim, pensamos em expandir a comunicação para uma forma de discurso que se manifesta também pelo corpo e que é muito observado entre os alunos, mas pouco compreendida e considerada na resolução dos conflitos, ou mesmo na intervenção de situações de violência que ocorrem na escola. Realizamos uma pesquisa, com os devidos cuidados éticos, que fez uso do diário de campo como recurso de recolha de dados, a partir de uma intervenção realizada com gestores e professores de diversas áreas de conhecimento do ensino fundamental II e médio. As atividades propostas tinham caráter prático e consistiam em dinâmicas que buscavam a reflexão sobre a comunicação por meio do uso de diferentes recursos da linguagem. Percebemos aceitação e envolvimento dos participantes nas práticas desenvolvidas, bem como nas discussões e reflexões suscitadas. O espaço também propiciou oportunidade de manifestação das inquietações referentes à forma de tratar a violência no contexto de trabalho. Diante dos resultados obtidos, levantamos as seguintes considerações: a importância de compreender o corpo como recurso de comunicação e aprendizagem na resolução de conflitos, que é algo que o grupo vem defendendo ao longo de sua existência; a necessidade de um lugar de fala para a partilha de experiências, pois percebemos que também a palavra do professor é emparedada, convertendo-se em um ciclo que tende a manifestar-se de forma violenta